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ELEIÇÕES 2020 – sob o olhar do colunista Demétrius Faustino

Mais de 153 milhões de eleitores escolherão prefeitos e vereadores nas eleições de outubro próximo em 5.570 cidades brasileiras, pleito este que terá algumas características merecedoras de atenção, se compararmos com os anteriores, pois haverá diferenças radicais, e explicamos.

Um ponto é que o presidente Jair Bolsonaro anda articulando a criação de uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil, já que decidiu deixar os quadros do PSL, o que já é suficiente para mudar o cenário político nacional. Aliás, aproveitamos a “deixa” para relembrar que o Aliança, se criado, será o nono partido de Jair Bolsonaro. Ele foi eleito pelo PSL, do qual se desfiliou, como mencionado, mas ao longo de três décadas de carreira política, ele teve passagens por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC.

A nova legenda ainda depende da coleta de assinaturas e de registro no Tribunal Superior Eleitoral, e, portanto, há chances potenciais de que a sigla não consiga ser viabilizada até abril, prazo limite para postular. Em assim sendo, é de se chegar à conclusão de que, pela primeira vez, desde a redemocratização, que o partido de um presidente da República estará fora das eleições, e sem seu empenhamento direto na campanha, não há como aferir a capacidade de transferência de voto do Chefe do Poder Executivo, e por tal motivo, o pleito será ainda mais municipalizado do que comumente, pois os temas  do dia a dia de determinada localidade serão mais significativos que assuntos de cunho nacional. Em outras linhas, embora grandes cidades possam abarcar protagonistas nacionais, as questões próprias dos municípios é que dominarão a campanha. Nessa seara, será precoce, a partir de seus resultados, fazer projeções para a eleição presidencial de 2022.

Outra questão é que, o impacto sobre a cadência de trabalho do Legislativo deve ser menor do que em anos anteriores, conforme avaliação de lideranças políticas. Contudo, e apesar da pesquisa realizada pela Arko Advice com 106 deputados federais, demonstrando que para 63,20% a eleição municipal de outubro pode atrapalhar a pauta de votações da Câmara, com a população mais antenada e cobrando mais dos políticos, teria efeito negativo o parlamentar ficar pedindo votos na sua cidade ao invés de estar em Brasília, votando temas significativos.

Necessário acrescentar ainda, que por ser mais concentrada em problemas regionais, a eleição deverá ser menos radicalizada do que a de 2018, e que sob o prisma partidário, vale dar destaque, ao fato de que o PT permanecerá como o principal partido de oposição; o MDB lutará para manter-se como o partido que mais comanda prefeituras, já que não sabe viver sem ser governo; e o PSDB brigará para não perder mais espaço do que tem perdido, a exemplo de estar de fora dos postos de comando do Congresso Nacional.

O desenho final é que sem partido, a transferência de votos através do apoio presidencial resta prejudicada, no que é bom para o PT, e uma prova de fogo para o MDB e os tucanos.

João Pessoa, 04 de março de 2020.

 

 

 

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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