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Hospital Universitário Lauro Wanderley tem ambulatório para tratamento da hanseníase

O último domingo de janeiro é oficialmente conhecido como Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. No Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), cerca de 40 pacientes são acompanhados para tratamento da doença.

Anualmente, o Ministério da Saúde (MS) promove o mês de campanha e luta contra a hanseníase, denominado janeiro Roxo. Em 2021, o tema central é “Hanseníase: Conhecer para Não Discriminar”. A iniciativa objetiva intensificar e fortalecer as ações de prevenção e combate à doença, envolvendo profissionais de saúde dos Estados e municípios, além de toda a população.

A hanseníase é uma doença infecciosa que possui ampla variedade de sinais e sintomas, que vão desde a ocorrência de uma ou poucas manchas brancas ou lesões vermelhas na pele, até múltiplas lesões ou nódulos nas orelhas, face e corpo, perda de pelos, inclusive das sobrancelhas, alargamento do nariz e dos lábios e inchaço nas mãos e nos pés.

Médica do Ambulatório de Hanseníase do HULW-UFPB, a dermatologista Joanne Ferraz explica que, em todo o Brasil, a hanseníase ainda é um grande problema de saúde pública, tendo em vista o número elevado de casos e as incapacidades que a doença ocasiona. “A Paraíba ainda é considerada região de ‘alta endemicidade’. A lenta evolução da doença, a dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, o estigma relacionado à doença e o longo período de tratamento são fatores que dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”, comenta.

Ambulatório desempenha função assistencial e acadêmica

No Lauro Wanderley, o ambulatório especializado em hanseníase é vinculado ao Serviço de Dermatologia e desempenha tanto a função assistencial, prestando atendimento à população paraibana, como também acadêmica, com a participação de docentes, estudantes e pós-graduandos da UFPB. Os atendimentos são realizados pelas dermatologistas Joanne Ferraz e Francisca Estrela, enfermeiras Mariama Trigueiro e Chiara Dantas, médicos residentes e equipe do Serviço de Dermatologia, contando com o apoio da farmácia ambulatorial para dispensação de medicações.

A marcação de atendimentos para o Serviço de Dermatologia é realizada pelo Setor de Regulação e Avaliação em Saúde do HULW, a partir de encaminhamentos provenientes das equipes das Unidades Básicas de Saúde. Já a triagem para o Ambulatório de Hanseníase é feita internamente pelas médicas do serviço, após diagnóstico ou suspeita clínica.

Conforme Joanne Ferraz, a hanseníase afeta, além da pele, também os nervos periféricos. “Assim, podemos encontrar alterações sensitivas, que são as ‘dormências’, alterações autonômicas, como a diminuição do suor, e alterações motoras, que podem resultar em deformidades em mãos e pés”, diz a especialista.

A dermatologista do HULW-UFPB também explicou que as dormências podem tornar a pessoa vulnerável a traumatismos, como ferimentos ou queimaduras, de forma que estes podem nem ser percebidos no momento em que ocorrem, e feridas crônicas podem surgir secundariamente, principalmente em mãos e pés. Também podem surgir dores em ‘fisgada’ ou ‘choque’ relacionadas ao acometimento dos nervos periféricos.

Efeitos da pandemia – Conforme o Boletim Epidemiológico – Hanseníase Nº 1, da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e divulgado no dia 13 deste mês, a taxa de detecção na população geral da hanseníase no estado da Paraíba aumentou 15,2 casos/100 mil habitantes, em 2019, o que corresponde a 611 casos. No entanto, aponta o documento, com a chegada da pandemia de covid-19 em 2020, o combate a hanseníase tornou-se um desafio ainda maior, interferindo diretamente nas ações de prevenção, monitoramento e controle da doença, principalmente, em áreas endêmicas. “Essa situação levou a um decréscimo de 37,8% na detecção de novos casos em 2020, indicando assim, um atraso no diagnóstico”, revela o boletim da SES.

Além do impacto da pandemia, especialistas alertam para um sério problema de desabastecimento das medicações para tratamento da hanseníase em nível mundial, que vem ocorrendo desde o ano passado. “O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde vêm monitorando essa situação em busca de uma solução rápida para esse cenário preocupante, que compromete a recuperação dos pacientes e traz enormes prejuízos para a saúde pública”, afirma Joanne Ferraz.

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