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O FLAMENGO “BRINCANDO DE SER DEUS” NO FUTEBOL BRASILEIRO! – Escreve Marcos Thomaz

Há décadas para qualquer observador astuto era fácil cravar que bastava um pouquinho de organização ao Flamengo para praticamente sepultar a competitividade no futebol brasileiro.

Clube disparado de maior torcida, único com representatividade em todas as regiões do país e mídia amplamente favorável (independente da eterna discussão sobre o que veio primeiro… é igual ao enigma do ovo e da galinha e isso já é outra história!). Tudo isso, somado a gestão profissional, conduziria fatalmente a esta receita orçamentária expressiva e consequentes resultados em campo.

A “fórmula de sucesso” se confirmou com alguns bons anos de atraso, mas veio avassaladora! O Flamengo detém disparado o melhor primeiro e segundo elenco do país, o melhor futebol, técnico mais badalado, com ar de popstar gringo, maior ídolo do momento da molecada (Gabibol) etc e tal… Deita e rola nos gramados brasileiros e sulamericanos!

Mas essa supremacia traz a reboque a arrogância de quem se sente “acima do bem e do mal”! O exemplo que melhor ilustra esse paradoxo e coloca, lado a lado, conquista e arrogância, foi a batalha pelos direitos de transmissão das partidas…

Após sustentar posição e resistir ferozmente a oferta inicial e inflexível da Globo pela transmissão dos seus jogos no Campeonato Carioca, o Flamengo fez valer Medida Provisória do governo Federal, que concede ao mandante a transmissão… assim gerou sua partida através da rede mundial de computadores, em contas exclusivas do clube. Sucesso estrondoso e números estratosféricos contra o fraco Boavista, em “partida para cumprir tabela”. 2,2 milhões de pessoas assistindo simultaneamente (recorde do Youtube em esportes), quase 1 milhão de reais arrecadado no formato “vaquinha”.

Além do êxito individual a postura flamenguista foi apontada como um “divisor de águas” para todo o futebol nacional nas questões de negociação por direitos de transmissão, uma “porta para o futuro”, uma vitória na queda de braço sobre o monopólio global etc… Afinal um novo modelo de transmissão esportiva se mostra viável e se desenha no país após este pioneirismo do Flamengo

Mas eis que apenas dois dias depois do êxito, o orgulho rubronegro espraiado em torcedores eufóricos com as marcas obtidas e uma suposta independência/autonomia do clube, veio inadvertidamente a ducha de água fria. A direção rubronegra, desprezando em absoluto a fidelidade e diversidade deste torcedor, anunciou transmissão exclusiva, mas agora com ingresso a 10 reais. A “grita” foi enorme, o “tiro saiu pela culatra” e no dia da partida, em cima da hora, o Flamengo resolveu abrir a transmissão. Um dia depois confirmou devolução dos quase 100 mil flamenguistas que adquiriram ingresso. Perdido, sem saber lidar com o monstro que criou…

Em linhas gerais, o Flamengo mobilizou sua enorme torcida para “peitar”a “mãe” do futebol brasileiro, Rede Globo, e, logo após o “parto”, abandonou este fiel torcedor. Mais que isso, sem entrar no mérito da disputa por valores com a Globo, fato é que, o peito inflado rubronegro ofusca outra realidade: o lucro muito menor por jogo do que com a cota ofertada pela Globo. No contrato seriam 18 milhões de reais por 18 jogos do Carioca, logo 1 milhão por jogo do estadual. Na transmissão contra o Boa Vista a arrecadação bruta beirou 1 milhão de reais, mas abatido custos, o lucro líquido não ultrapassa os 500 mil reais, portanto metade do valor “global”!

A arrogância flamenguista também transcende a disputa televisiva! Foi o clube da Gávea quem forçou a retomada e praticamente fez as autoridades engolirem goela abaixo os treinos recomeçados na marra, em pleno pico da pandemia, em um dos estados mais atingidos do Brasil, o Rio de Janeiro e desobedecendo autoridades.

Atividades reiniciadas bem antes que qualquer adversário do estado, ou de fora (muitos sequer começaram trabalhos ainda). A postura flamenguista criou uma desigual condição de competitividade no já abismal futebol brasileiro. Além disso foi de uma demonstração de insensibilidade atroz com o brasileiro comum… E esse mesmo Flamengo, que forçou retomada, foi o primeiro a descumprir protocolo sanitário que o mesmo se gaba de ter ajudado a elaborar minuciosamente?!?! ¨Furou¨concentração obrigatória às vésperas do jogo, um dos itens mais debatidos e tido como elemento básico para controle e segurança dos atletas envolvidos na partida!

Quanta contradição, não??

Vamos ver se o Flamengo vai se guiar pela virtude ou pelo pecado da soberba, afinal de contas “nem sempre se pode ser Deus!”

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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