A onça-pintada do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), administrado pela Prefeitura de João Pessoa, responde bem ao tratamento dentário pelo qual foi submetida – o animal apresentava fratura do canino. Para garantir a segurança necessária para o procedimento odontológico do felino, que tem 17 anos, ou seja, um animal idoso, além da equipe da Bica, o atendimento contou com profissionais de instituições públicas e privadas da Paraíba, Pernambuco e São Paulo. O procedimento foi realizado no último dia 22.
O problema dentário em ‘Maria Luzia’, como é carinhosamente chamada à onça, foi diagnosticado durante a realização da técnica de condicionamento do animal, realizado pelo setor de Bem-estar e Comportamento Animal da Bica. A fratura no canino é um problema comum em felinos idosos, que requer atenção especial, pois os animais precisam passar por anestesia geral, ter disponíveis aparelhos de monitoramento e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
“Existe uma taxa alta de fratura de canino em felinos idosos e, no caso da Maria Luiza, ela tinha fratura com exposição de polpa dentária, que sabemos ser uma situação onde o animal sente dor. Então, convidamos Roberto Felquel, que é uma autoridade em odontologia veterinária de São Paulo, para fazer o canal dentário nela. Após raio x e avaliação, o animal foi entubado e, depois do procedimento, foi feito laserterapia dentro desse canino para ajudar na recuperação. Após o procedimento, já pudemos perceber uma mudança completa no comportamento do animal, o que significa que aquela fratura dentária estava causando muita dor, como causaria em qualquer ser humano”, explicou Thiago Nery, médico veterinário e chefe do setor de zôo da Bica.
O veterinário informou que foi preciso anestesia geral para realizar o procedimento e, por conta disso, a equipe multidisciplinar aproveitou a ocasião para fazer um check-up no animal. Foram realizados exames oftalmológico, de imagens (raio X, ultrassom e radiografia) e coleta de materiais para exames laboratoriais, além de eletrocardiograma e avaliação das funções hepáticas e renais. Hoje, devido à idade avançada, a onça desenvolveu também alguns problemas de saúde de origem hormonal.
Os resultados dos exames apontam que o animal está em ótimo estado de saúde. “O procedimento foi um sucesso. Toda a equipe ficou satisfeita, pois no outro dia já tivemos um animal brincando com pneu e mordendo todas as estruturas de brinquedos que ele tem à disposição. Agora, estamos observando o animal e aguardando resultados de outros exames laboratoriais feitos na ocasião”, afirmou Thiago Nery.
Marília Maia, bióloga do Parque Arruda Câmara, destaca a importância do condicionamento para facilitar a abordagem dos profissionais ao animal. “A técnica de condicionamento do animal foi utilizada para dar início à realização do tratamento, com o intuito de preparar a onça para receber a anestesia geral sem causar traumas, nem físicos nem emocionais, e também para avaliação do peso dela, informação, essa, necessária para qualquer procedimento cirúrgico”, ressaltou.
‘Maria Luiza’ chegou ao parque em 2005, ainda filhote, trazida pelo Instituto de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama). É considerado o maior felino das Américas e, no Brasil, a espécie é considerada vulnerável para extinção. A expectativa de vida na natureza é de 12 a 15 anos, mas há registros de animais que viveram até 30 anos.
O diretor da Bica, Rodrigo Fagundes, destaca o profissionalismo e esforço da equipe nos cuidados dedicados aos animais. “Temos aqui uma equipe completa e dedicada ao bem-estar dos animais, que não mede esforços para cuidar da saúde deles. E, nesse caso da onça-pintada, pudemos contar também com o valoroso apoio dessa equipe multidisciplinar para esse cuidado mais específico, que foi o tratamento odontológico e os exames laboratoriais. Agradecemos a todos”, destacou.