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AGOSTO E GETÚLIO (UM POUCO DO MÊS E DO HOMEM) – No texto de Demétrius Faustino

Diz a máxima popular que agosto, é o mês do desgosto. E essa fama, há tempos, prevalece na alma do povo brasileiro.

Entretanto, essa notoriedade, entendemos não ser justa, se considerarmos que o seu nome é nobre na origem, pois precede do Latim “Augustus”, e o nome do mês foi dado em deferência a Otaviano, o sobrinho de Caio Júlio César, e que foi fundador do Principado em 27 a.C, ainda sobre as ruínas da República Romana.

Mas estas explanações iniciais acerca do mês de agosto emanam do fato de um dia inesquecível para o Brasil. É que, em 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, o Presidente Getúlio Dorneles Vargas cometera suicídio, período em que governava o Brasil pela segunda vez, desta feita pelo voto popular, pois antes, como se sabe, havia governado o país de 1930 a 1945, quando foi deposto pelos militares.

Apesar de não concordarmos com a sua posição política, Getúlio Vargas foi, irrefutavelmente, o fundador do Brasil moderno e um estadista consumado. Vejamos, por exemplo, a legislação trabalhista por ele implantada, que embora fosse inspirada na “Carta Del Lavoro” da Itália Fascista, a sua promulgação à época, era uma necessidade inafastável, apesar que com o passar do tempo, ela tornou-se obsoleta.

Dizem que Getúlio Vargas compreendia que a posição ideal para o Brasil, na Segunda Guerra Mundial, era a da neutralidade, o que não concordamos, pois tinha simpatia com o Eixo Roma, Berlim e Tóquio. Não é à toa que atendendo pedido do regime nazista, mandou prender e extraditar Olga Benário para a Alemanha. Mais tarde, quando sentiu que o regime nazista estava por despencar, manda um batalhão expedicionário para combater no norte da Itália, assumindo uma posição política com os aliados, a mando dos EUA. Ou seja, Getúlio Vargas exercitava de forma constante o vezo de agir de forma enigmática.

Aliás, um fato interessante ocorreu nessa guerra e que a geopolítica contrariou o presidente: É que o litoral do Rio Grande do Norte era o ponto mais favorável para que os aviões norte-americanos atingissem o Norte da África, onde se afrontava. Assim, Franklin Roosevelt literalmente forçou Getúlio a ceder, em Natal, um espaço para uma base aérea americana, e essa exigência teve que ser acatada.

Para diminuir esse estorvo, o Presidente do Brasil impôs, como condição, que fosse estabelecida em território nacional uma usina siderúrgica. O pleito também foi atendido, e vieram Volta Redonda e a Companhia Siderúrgica Nacional.

No que se refere ao nosso petróleo, Getúlio Vargas dava tanta importância ao mesmo, quanto Monteiro Lobato, este um dos primeiros brasileiros a investir na sua extração e que chegou a ser preso pelo direito de extrair petróleo no Brasil, pois acreditava que o país tinha potencial para produzir todo o combustível necessário na época, e manter-se independente do mercado estrangeiro. De fato, de maneira lamentável José Bento Monteiro Lobato foi perseguido pelo Regime do caudilho.

É que o escritor, ainda em 1936, diante da resistência de Getúlio Vargas à exploração do petróleo, publicou O Escândalo do Petróleo, onde acusava o governo de “não perfurar e não deixar que se perfure”. Porém, por sugestão do próprio Lobato, Getúlio acabou por criar a Petrobrás, apesar deste ter usado como um poder infernal contra o povo.

O triste dessa história, é que quase cem anos depois o petróleo ainda não é nosso. Desde a invenção do automóvel que empresas estrangeiras querem explorar o óleo cru do Brasil para vendê-lo refinado de volta ao próprio Brasil, entre outros países. Assim, estabelecem os seus preços em forma de gasolina, gás de cozinha, diesel e o que mais for produzido.

Ainda sobre Getúlio, há quem diga também, que este detestava São Paulo e os paulistas, o que não corresponde a verdade. Ora, o interior do Rio Grande do Sul, foi povoado e colonizado por paulistas. E mais, Getúlio Vargas era um integrante da tradicionalíssima família Bueno, de Itu, por isso não é coincidência que a propriedade da família em São Borja tivesse o nome de Fazenda de Itu.

Enfim, Getúlio era camaleônico até o núcleo medular da personalidade.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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