O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira que o país registrou a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, após menos de dois meses de testes em humanos. O ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, disse que o teste imunológico mostrou eficácia e segurança.
O anúncio surge depois de um aviso da Organização Mundial de Saúde (OMS), feito na semana passada, pedindo respeito às diretrizes estabelecidas para que uma vacina fosse criada com segurança. O temor da OMS, de cientistas e autoridades internacionais é de que, na corrida política pelo pioneirismo da criação do imunizante, etapas que garantam eficácia e segurança sejam negligenciadas.
— Esta manhã, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada — disse Putin durante uma videoconferência com integrantes do governo exibida pela televisão. — Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura — acrescentou.
O presidente ainda informou que uma de suas filhas foi vacinada contra a Covid-19.
— Uma das minhas filhas tomou esta vacina. Acho que ela participou nos experimentos — disse Putin, segundo a agência Interfax, antes de acrescentar que ela teve um pouco de febre e “nada mais”.
A vacina será distribuída em 1º de janeiro de 2021, de acordo com o registro nacional de medicamentos do ministério da Saúde, consultado pelas agências de notícias russas. Murashko, no entanto, já havia anunciado uma campanha de vacinação em massa para outubro.
A fórmula desenvolvida pelo instituto Gamaleia usa duas cepas de adenovírus, usualmente responsáveis por gripes, e recebem o RNA do novo coronavírus para gerar uma resposta imune. A técnica é parecida, por exemplo, com o modelo da vacina candidata da Universidade de Oxford (Reino Unido) feita em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
Nas semanas prévias ao anúncio, cientistas estrangeiros expressaram preocupação com a rapidez da criação de uma vacina deste tipo, enquanto a OMS pediu que a Rússia seguisse “todos os estágios” necessários para desenvolver uma vacina segura.
O temor das autoridades internacionais é de que a Rússia, com objetivos políticos de ser a pioneira na criação de uma vacina, não siga todas as fases de segurança que envolvem a criaçao do imunizante. Com o anúncio, feito apesar do aviso da OMS, Putin praticamente reivindica a vitória na corrida global por uma vacina contra a Covid-19.
A OMS nunca listou as vacinas candidatas da Rússia como lideranças da disputa por um imunizante entre as mais de 160 desenvovlidas ao redor do mundo. O porta-voz da entidade Tariq Jasarevic afirmou a jornanlistas nesta terça-feira que o braço das Nações Unidas para a Saude está discutindo os procedimentos com autoridades russas, mas ressaltou que, antes de receber qualquer selo de aprovação, a vacina exige uma revisão “rigorosa” dos dados sobre segurança e eficácia obtidos por meio de ensaios clínicos.