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SEMANA DA MULHER: Escola Daura Santiago faz marcha no bairro José Américo contra a violência às mulheres

Sensibilizar e despertar os moradores do bairro onde está inserida a escola sobre a violência contra a mulher e ao mesmo tempo tornar a ação um ato pedagógico de conscientização para a Comunidade Escolar sobre a temática. Esse foi o objetivo da realização da marcha “Por Todas as Marias” que estudantes e professores da Escola Cidadã Integral Técnica Daura Santiago (ECIT Daura Santiago Rangel), no bairro José Américo, promoveram no Dia Internacional da Mulher, nessa última quarta-feira (8).

Durante a marcha, estudantes do ensino médio da ECIT Daura Rangel ergueram cartazes com frases de impacto e bolas de assopro, na cor lilás, contra a violência às mulheres pelas ruas e distribuíram mensagens com bombons com os moradores do bairro. Na praça do bairro, professores e estudantes realizaram ainda apresentação artística como, por exemplo, uma ciranda com os integrantes do “Projeto Afrocientista” e soltaram todos os balões com gritos de exaltação às mulheres. O evento foi encerrado com um torneio de futebol de meninas e meninos que traziam nos coletes o nome de mulheres que foram vítimas de violência.

OLHAR MAIS CONSCIENTE – A professora de Filosofia da ECIT Daura Santiago Rangel, Edilza França, que é coordenadora da área Humanas, responsável pela organização do evento, revelou que a ação buscou “trazer um olhar mais consciente para os estudantes e também moradores do bairro sobre a escalada de violência que mulheres, muitas delas anônimas e sem voz, têm sofrido todos os dias. A marcha contou com a participação de toda a comunidade escolar”, frisou.

Segundo a professora de Sociologia da ECIT Daura Rangel, Acsia Lino, na primeira semana de março houve um trabalho pedagógico integrado com a participação de todas as áreas (Humanas, Linguagens, Exatas e Técnica). Além da escolha do tema “Por Todas as Marias”, professores ministraram junto aos alunos a produção e confecção de cartazes com frases relevantes, por meio de um trabalho de pesquisa e de estatísticas atualizadas, sobre a temática de violência contra a mulher.

 

 

TRABALHO PEDAGÓGICO DE VALORES E CIDADANIA – “Foi a primeira vez que a Comunidade Escolar se mobilizou para fazer uma marcha nas ruas do bairro no dia 8 de março e a escolha da temática da violência contra a mulher foi escolhida, infelizmente, por ainda ser predominante na sociedade brasileira, mesmo já atravessando a terceira década do século 21. Os preparativos e a marcha em si são trabalhos pedagógicos na área de valores e de cidadania, que busca a igualdade de gênero e de repensarmos a cultura que tem ainda inferiorizado o feminino, por isso enfatizamos a responsabilidade de meninas e de meninos para essa nova construção e na eliminação das relações que geram as violências”, declarou Acsia Lino.

DIFICULDADE DE SER MULHER – A estudante Mariana Acelino Vieira Simão, 15 anos, do 2º ano do ensino médio, que esteve na marcha e escreveu um texto sobre a dificuldade ainda de “Ser Mulher no Brasil” no século 21, diante de tantas problemáticas e de estereótipos e de inferioridade que ainda envolvem o universo da mulher. Contudo, ela se sentiu privilegiada por participar de uma escola que organizou uma marcha para enfrentar essa problemática da violência e escreveu: “Ser mulher é ser forte, é lutar mesmo não tendo forças para continuar, é lutar pela igualdade, contra o feminicídio, assédio e preconceito, ser mulher é ter de ser 10 vezes melhor para se destacar. Para nós mulheres, eu não desejo um feliz dia da mulher, eu desejo um mundo em que podemos crescer e viver sem medo e sem preconceito”.

MARCHA COM ARTE – Já a estudante Camille Cristi’hannah Gomes de Abreu, 17 anos, do 3º ano, focou nas artes para homenagear as mulheres durante a marcha. Camille, que tem talento na pintura, fez um desenho de Frida Kahlo (1907-1954), uma das mais importantes pintoras mexicanas do século XX, que se destacou por ter uma produção autobiográfica, retratando temas e angústias pessoais e de mulheres. “É muito importante neste Dia Internacional da Mulher homenagear mulheres como, por exemplo, Frida Kaklo, que se destacaram por sua produção. Ela lutou pelos direitos das mulheres em seu tempo, mas sabemos que milhões delas ainda passam todos os dias”, comentou.

MULHERES NEGRAS EM DESTAQUE – As mulheres negras também tiveram destaque na marcha. A professora de física da ECIT Daura Santiago, Janaira Buenno, que coordena o Projeto Afrocientista, uma parceria da UFPB com a escola, promoveu uma apresentação artística de uma ciranda e falou: “A necessidade dessa conscientização se faz estando presente nessa luta, enquanto mulheres negras, que ainda sofrem discriminação, além do sexo, também pela cor e em ocupar cargos nas diversas áreas da sociedade. O olhar machista coloca a mulher como pessoa inferior, por isso precisamos lutar continuamente por espaços de igualdade na sociedade”, frisou.

FORMAÇÃO CIDADÃ – Para o diretor da ECIT Daura Santiago, André do Egito, o evento de 8 de março foi uma ação de formação prática para a cidadania. “A marcha teve o objetivo de promover a conscientização ampla para a Comunidade Escolar e os moradores do bairro sobre a temática da violência contra a mulher. Isso se traduz em aprendizagem cidadã para as novas gerações de meninas e meninos que estão na Escola, que serão os futuros homens e mulheres. A busca por essa igualdade precisa ter um trabalho contínuo, além do combate à discriminação e a violência das mulheres, daí a importância da educação está inserida nessa luta, pois trabalha com valores e o fator tempo para mudanças mais profundas”, finalizou.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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