-Siri, toca Black Sabath!
-Siri, música Black Sabbath.
Eu desperto da leve sonolência com a voz de Benjamin.
Mal me situo e consigo supor do que se trata, por associação óbvia.
Ben ainda dorme no nosso quarto (não sei se mais por apego dele, ou nosso. Podem me julgar).
Mas de um tempo para cá, fora da nossa cama.
Agora em outro colchão (Uau, que evolução. Um salve aos pais desapegados, que deixam o menino seguir independente).
Black Sabbath, desde muito cedo, é a trilha sonora a velar o sono dele.
Normalmente, a canção de ninar é feita comigo, ou com a mãe, emitindo sons sabbathianos no ritmo da melodia, ou tentando parecer isso…
Mas ontem, diante dos pais anunciando que iriam dormir e deixando-o a colorir para “desligar” sozinho, ele inovou.
Facilmente, deduzi que ele havia pegado o celular da mãe na busca pela música mágica de efeito sonífero dos pais do Metal.
Na lata.
Após quatro tentativas com a assistente virtual desembocando em canções sem qualquer relação, as quais sequer consegui identificar, logo surgem os primeiros acordes de “Paranoid”, um dos clássicos prediletos do Ben. Na sequência “Iron Man”, a primeira audição dele e “War Pigs”.
Passada esta sequência me movimento para conferir o garoto e o flagro “apagado”, coberto, com óculos ainda no rosto.
Tento puxar os óculos sem despertá-lo.
Em vão. Abre o olho, me vê e pede para deitar com ele.
Eu digo que ele já estava dormindo.
Ele rebate que não estava conseguindo pegar no sono pesado, só leve e pede para eu cantar Black Sabbath para ele.
Ben faz me sentir um rockstar.