Alguém já afirmou que a eleição presidencial no Brasil quase sempre tem aspectos comuns com as anteriores, e em 2022 não será diferente. Entretanto, quase sempre são as diferenças que influenciam o resultado, como também o acaso, que pode alterar uma tendência, conforme se deu com o atentado sofrido por Jair Bolsonaro em 2018. Aliás, ao contrário de FHC que se viabilizou com o sucesso do Plano Real, Bolsonaro e Collor ainda que solidamente apegados até a raiz no sistema, apareceram como surpresas para o eleitorado.
Já Lula se firmou depois de mais de vinte anos de estrada política, e se consagrou por catorze anos amparado no desempenho econômico. O capital por ele acumulado assegurou a eleição em 2010 e 2014 de Dilma Rousseff.
O cientista político da FundaçãoGetúlio Vargas,Marco Antonio Carvalho Teixeira, prevê poucas possibilidades de mudança do cenário até outubro, porquanto, segundo ele,não surgiu conjuntura crítica forte que possa alterar a rota do processo, e que há possibilidade do pleito se encerrar no primeiro turno.
Tem sentido. Basta observar que nos Estados embora exista uma diversificação de ambiente, o cenário atual está posto da seguinte forma:
Na Bahia, ACM Neto dispara em relação a João Roma. Jáno debate nacional,o Datafolha de junho aponta Lula com47% e Bolsonaro com28%das intenções de votos.
Em Minas Gerais, Zema tem 41% e Alexandre Kalil 30% da preferência do eleitorado. Já para Presidente, a pesquisa realizada pela Quaest Consultoria também no mês de junho aponta Lula com 46% das intenções de voto, e Bolsonaro com 21%.Há um fato curioso em Minas: Desde a eleição de 1989, a primeira pelo voto direto após a ditadura militar, que o candidato que vence nesse estado, acaba eleito para o Palácio do Planalto.
O quadro no Rio e em São Paulo assim se apresenta:
No Rio, Castro, atual governador, tem 25% e Freixo tem 18%. Na eleição presidencial a pesquisa realizada no mesmo período pelo DataFolha aponta Lula com 41%e Bolsonaro com 34%.
Em São Paulo Haddad tem 27% e Tarcísio 14%. Para presidente, a pesquisa do Instituto Badra divulgada no dia 25 de julho próximo passado, mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente no 1º turno da corrida, com 45,5% das intenções de voto na pesquisa estimulada. O presidente Jair Bolsonaro que busca se reeleger, é o segundo favorito entre os eleitores, com 30,7%.
E a mais nova pesquisa eleitoral 2022 do Datafolha, referente ao mês de julho, apresenta os seguintes resultados:
Pesquisa estimulada de intenções de voto no 1º turno:
Lula (PT): 47% (47% na pesquisa anterior, em junho)
Jair Bolsonaro (PL): 29% (28% na pesquisa anterior)
Ciro Gomes (PDT): 8% (8% na pesquisa anterior)
Simone Tebet (MDB): 2% (1% na pesquisa anterior)
André Janones (Avante): 1% (2% na pesquisa anterior)
Pablo Marçal (Pros): 1% (1% na pesquisa anterior)
Vera Lúcia (PSTU): 1% (1% na pesquisa anterior)
Em branco/nulo/nenhum: 6% (7% na pesquisa anterior)
Não sabe: 3% (4% na pesquisa anterior)
Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuaram.
Enfim, nesses momentos turbulentos que vivemos, o ambiente está propício à mudança no âmbito nacional,e até mesmo porque a terceira via ou proposta de renovação política e econômica como alternativa como clamam por aí, demorou tanto, que os Estados já se definiram. Até onde os olhos alcançam, a ascensão de Simone Tebet é reduzida.
Tudo conspira para uma solidez nas intenções de voto. E os eleitores que influenciarão as eleições serão: a inflação, os preços de supermercado, os combustíveis, e, trinta e três milhões de famintos.
João Pessoa, julho de 2022.