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O que uma série sobre os EUA na década de 30 tem a ver com o Brasil de hoje? – Por Marcos Thomaz

Um movimento ruidoso defendendo valores como Deus, família e pátria.

 

Um candidato vence as eleições denunciando a descontrolada violência, levantando bandeiras morais e defendendo agir com mão de ferro, inclemência contra a criminalidade.

 

Um sistema prometendo o paraíso pelos seus próprios meios.

 

Um mercado exigindo liberdade total, sem obstáculos para agir pelo progresso da nação.

 

Um povo degradado, lutando por direitos básicos, sem trabalho digno, miseravelmente remunerados.

 

Calma, isso é o cenário de Damnation, série da Netflix, desde 2017 disponível.

 

Aí você me pergunta por que, apenas quatro anos depois estou escrevendo a respeito. Porque só vi a bendita agora, ora.

 

Digo mais, apesar da alegada baixa audiência para os padrões americanos ter sido motivo de abortar continuidade da série, eu gostei.

 

E, guardadas as proporções extremas que distanciam em quase um século, qualquer semelhança da trama com o Brasil, o próprio Estados Unidos hoje, e outros cenários de épocas distintas não é mera coincidência.

 

A produção americana é apenas o reflexo de que a torpeza humana muda apenas de formas, linhas de ação, ferramentas, modus operandi, mas na essência, é a mesma desde sempre, travestida em falsos valores patrióticos, morais e enfiando a espada em nome de Deus!

 

Damnation se passa em meio a Grande Depressão na década de 30 e narra a luta de um falso pastor para organizar a luta operária, um homem que já foi soldado do sistema e, arrependido, usa os púlpitos de igrejas para conscientizar e formar levantes de trabalhadores. Do outro lado o sistema reage com uso de todos os seus tentáculos: de fura-greves profissionais e assassinos a engrenagens complexas e conspiratórias (com direito a famigerada ameaça comunista para legitimar tudo o mais). Uma rede articulada envolvendo agentes públicos, imprensa, organizações secretas supremacistas e tudo o que estiver ao alcance.

 

A organização Legião Negra, um modelo Klu Klux Klan, tem todos os adereços de época para se associar ao Gabinete do Ódio bolsonarista. Anônimos, raivosos, propagadores de falsas notícias. Uma seita, exército de covardes a serviço do caos.

 

Ah, sim. O líder destes criminosos, no caso de Damnation, é o tal candidato a xerife de uma pequena cidade de Iowa, no oeste dos EUA. Ele comanda o grupo de encapuzados que espalha terror e age paralelamente a polícia na comunidade.

 

Não sei o porquê mas, de repente, me veio a mente alguma semelhança com um chefe de nação e comandante de família de numerais diretamente associado e umbilicalmente afeito a milícias de alguma província bela e besta, no outro extremo do continente americano.

 

A platéia já grita familícia acolá, mas também deve ser mera coincidência, ou pura maledicência!!

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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