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Respirando eleição, por Demétrius Faustino

Mesmo faltando cerca de dez meses para as eleições, a movimentação política no Brasil está tão efervescente, que chega ao ponto de imaginarmos que o pleito vai se realizar ainda este ano. Há inclusive, pré-candidatos a presidente já investindo precipitadamente em marketing para fomentar a imagem.

Partidos buscam nomes para se contrapor à polarização entre Lula e Bolsonaro, a exemplo da filiação de Sérgio Moro ao Podemos, com discurso de presidenciável, visando aumentar a lista dos candidatos da chamada terceira via, muito embora seu desempenho no meio digital e nas pesquisas não tenha empolgado.
Aliás, o ex-ministro da Justiça já está montando a equipe de campanha, cujo marqueteiro é Fernando Vieira, e que tem a tarefa de atribuir um caráter de humanização na imagem do ex-juiz, que hoje enfrenta rejeição de um lado e do outro. Mas uma certeza existe: sua candidatura abala os planos de Bolsonaro.

Esse pressuposto da terceira via, faz com que o PDT, também aposte em candidatura própria, e o nome se chama Ciro Gomes, que se diga de passagem, não abre mão de ser candidato e também se coloca como alternativa à polarização.
PSDB e PT, que disputaram a liderança política do país durante 20 anos, até 2014, podem voltar a ser decisivos na eleição de 2022, e desta feita em situações paradoxais.

Uma chapa com Lula para presidente e Geraldo Alckmin para vice deixou de ser “inimaginável” para ser “possível”, o que pode contribuir decisivamente no resultado final. O ex-presidente Lula, aproximando-se de Alckmin, dá passos largos em direção ao centro, mesmo que seja apenas um aceno político, que dificilmente se transformará em mudança de seu programa de governo. O ex-governador de São Paulo, por sua vez, não apenas se vinga de seu arqui-inimigo João Doria, como permite que Lula dê a guinada para o centro e que era esperada.

Já Bolsonaro pleiteia seu ingresso oficial no PL, de Valdemar Costa Neto, muito embora seu índice de baixa aprovação coloca em risco sua reeleição. Ele é o primeiro presidente no cargo que não lidera as pesquisas faltando um ano da disputa, algo que não aconteceu nas tentativas —bem-sucedidas— de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998, e dos petistas Lula, em 2006, e Dilma Rousseff, em 2014.

Ressalte-se, porém, que um documento do partido avisava que a filiação, que já era avaliada como praticamente fechada, fora “adiada” de comum acordo entre as duas partes. Tal fato, é duvidoso, pois segundo o site O Antagonista, o empecilho se deu em torno do controle do diretório do PL, em São Paulo, que Bolsonaro queria entregar ao filho Eduardo.
Costa Neto não admitiu essa hipótese, ao que o presidente reagiu irritado e colérico, no que Costa Neto revidou: Você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu. Bolsonaro, então, teria mandado o futuro, e no momento ex- aliado para “aquele lugar”. E novamente o morubixaba do PL revidou no mesmo tom: ‘VTNC você e seus filhos’, teria dito Costa Neto a Bolsonaro, usando as iniciais de uma expressão inapropriada para publicação.

Este é o cenário atual das articulações para as eleições presidenciais.
Porém, há quem diga que o dilema brasileiro sem dúvidas não é o da busca de uma terceira via, mas o de edificar uma democrática autêntica, e não o autoritarismo que, sob diversas formas políticas, está entranhado na maioria dos partidos.

João Pessoa, dezembro de 2021.

Thaysa Videres
Thaysa Videres
Jornalista - Assessora de Comunicação - Repórter do PautaPB / [email protected]

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