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Maria Déia por Demétrius Faustino

Fechando a Semana da Mulher, é sempre importante relembrar, que a origem mais difundida da comemoração, foi o incêndio ocorrido em uma fábrica em Nova York, e que consumiu a vida de mais de cem trabalhadoras grevistas, mas sem esquecer que as socialistas russas também disputam essa bandeira, pois fizeram uma manifestação que contou com mais de 90 mil mulheres, ficando conhecida como “Pão e Paz”.

Pois bem, em todas as falas e escritos que tive oportunidade de ouvir e ler, mulheres do mundo inteiro são citadas e homenageadas, e isto é algo merecedor de aplausos, afinal de contas a luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho, remonta ao final do século XIX, notadamente na Europa e nos Estados Unidos.

Mas há uma brasileira, natural da Bahia, que enjoou da boneca mais cedo, e que nasceu nessa mimosa data que é 08 de Março, e nunca é lembrada, e por isto faço questão de aqui registrar o seu nome e um pouco de sua história.

No dia 8 de Março de 1911 nascia, na fazenda Malhada do Caiçara, na atual cidade de Paulo Afonso, na Bahia, Maria Gomes de Oliveira, apelidada de Maria Déia, e depois Maria do Capitão ou Rainha do Cangaço, e que mais tarde ficou mais conhecida como Maria Bonita.

Ela entrou para a história como a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.  A sua presença e de outras companheiras nesse ambiente e em tempos conservadores, queira ou não, é um dos marcos da ascensão do poder feminino no Brasil.

Aos 15 anos, Maria Déia se casava com o sapateiro José Miguel da Silva, apelidado Zé Neném, cujo matrimônio durou apenas cinco anos, e não tiveram filhos, em razão do marido ser estéril. A literatura do cangaço narra que as brigas entre os dois eram muito freqüentes e, a cada desavença, Maria Deia costumava se mudar para a fazenda Malhada do Caiçara, que ficava próxima à Cachoeira de Paulo Afonso, de propriedade dos seus pais, local este freqüentado por Lampião, pois era amigo da família.

A literatura do cangaço também descreve que Maria Déia já nutria um grande amor platônico pelo cangaceiro Lampião, antes mesmo de conhecê-lo. Outros afirmam que a mãe dela segredara, ao próprio Lampião, a existência daquela paixão. E, há quem diga também,  que um dos integrantes do bando Luís Pedro, foi quem insistiu para o rei do cangaço conhecê-la.

O fato é que o cangaceiro caiu de amores por Maria Déia e a recíproca foi verdadeira, e sem transcorrer mais de dez dias, sem medir consequências, Maria Bonita que só tinha 20 anos de idade, colocou suas roupas em dois bornais, despediu-se do marido para sempre, abraçou os familiares, e partiu com Lampião rumo à caatinga. Foi a primeira mulher a se inserir oficialmente no bando como antes mencionado, abrindo um precedente até então inabalável.

Era de fato uma mulher guerreira que também não pode deixar de ser lembrada e homenageada.

João Pessoa, Março de 2018.

 

Thaysa Videres
Thaysa Videres
Jornalista - Assessora de Comunicação - Repórter do PautaPB / [email protected]

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