Anchieta Maia não está mais entre nós. Morreu em João Pessoa, aos 72 anos, nesta terça-feira, 4 de novembro. Estava internado no Hapvida. O velório será no Morada da Paz.
Nascido em 21 de novembro de 1952, no bairro da Torre, ele cresceu em uma realidade dura — casa simples, chão de barro, telhado de palha, sustento garantido pelo esforço de Dona Lourdes, lavadeira e mãe solo. Dessa infância marcada pelo aperto, extraiu o mantra que carregou a vida inteira: trabalhar era verbo obrigatório. Ainda menino recolheu vidro, papel, o que aparecesse à mão para ajudar em casa.
Na juventude, descobriu um caminho pela porta da cultura e da comunicação. Entrou para o Grêmio Estudantil do Pio X e, já ali, começou a experimentar o papel de produtor, articulador, provocador.
Desse impulso surgiria sua marca mais conhecida: Moçada Que Agita. Primeiro um jornal. Depois revista. Depois site. Depois programa de TV e eventos. Um ecossistema antes mesmo dessa palavra existir.
Moçada Que Agita fez aquilo que quase ninguém fazia naquele início de anos 80: olhava para a juventude de João Pessoa como protagonista de cultura, de política, de construção social. Retratava escolas, grêmios, festivais, bandas, debates, descobertas. E ainda produzia iniciativas próprias, como o Canta Moçada, que levou música e performance para dentro das salas de aula quando isso ainda era novidade.
A trajetória de Anchieta Maia se confunde com esse projeto. Ele transformou sua experiência pessoal — de menino que aprendeu a se virar antes do tempo — em plataforma de expressão de uma geração inteira.
E continuou sendo, até o fim, alguém que acreditava no trabalho como força de transformação.











