A população do Bairro São José promoveu uma recepção calorosa para o candidato a prefeito de João Pessoa, Ruy Carneiro (Podemos), na tarde deste domingo (29). Os moradores da região estavam sendo ameaçados com uso da violência e impedidos de participar de atividades de candidatos adversários do prefeito de João Pessoa e candidato à reeleição Cícero Lucena, como revelou o inquérito da Operação Território Livre, realizada pela Polícia Federal.
Ruy lembrou que sempre teve um carinho especial pelos moradores do bairro, mas que há algum tempo já vinha sofrendo para realizar ações na região por conta do esquema da atual gestão com os líderes do tráfico de drogas da localidade.
“Voltar ao Bairro São José, reencontrar pessoas queridas e poder conversar com os moradores simboliza de forma muito expressiva a libertação da João Pessoa. Nossa cidade precisa virar essa página sombria. Vamos devolver às pessoas o direito de fazer suas próprias escolhas livremente, sem medo, acreditando naquilo que é melhor para suas vidas. Chegou a hora da mudança e estou preparado para construir uma cidade mais igual e com oportunidade para todos”, destacou Ruy.
Recentemente, o Procurador Regional Eleitoral, Renan Paes Félix, mencionou um trecho do inquérito da PF que revelou o impedimento de uma atividade de campanha de Ruy no Bairro São José. A fala foi feita no plenário TRE-PB, durante julgamento do habeas corpus da aliada de Cícero e vereadora, Raíssa Lacerda, também presa na segunda fase da operação.
“Em um diálogo presente nos autos, no dia 06 de agosto, a Pollyana (presa na operação) mantém contato com Taciana (também presa na segunda fase), que é presidente de uma ONG que tem lá no Bairro São José, que também foi alvo de busca de apreensão e de medidas cautelares e restritivas. Elas conversam a respeito do fato de que pessoas ligadas ao candidato a prefeito da capital, Ruy Carneiro, queriam fazer um vídeo com uma mulher na comunidade”, revela o procurador.
Ele continua a detalhar os trechos da conversa: “Poliana diz pra Taciana: Olha, diga que a gente vai ajudar essa mulher pra que ela não aceite fazer o vídeo. E aí a Poliana conclui o diálogo dizendo: Você fala novamente e diz, o Poeta pediu para a senhora não atender ninguém”, acrescentou Renan.
Segundo a PF, o Poeta mencionado por elas, é Keny Rogeus Gomes da Silva, condenado a 36 anos de prisão em 2022 por comandar o crime na região. Ele também foi alvo da segunda fase da operação.
Na terceira fase da Território Livre, a Polícia Federal prendeu a primeira-dama da capital, Lauremília Lucena, e a secretária dela, Tereza Cristina Barbosa. De acordo com as investigações, a esposa do prefeito Cícero é apontada como a pessoa responsável pelas nomeações e gratificações de pessoas ligadas ao tráfico de drogas na prefeitura de João Pessoa.
O nome de Lauremília já havia sido citado em diversos documentos e diálogos apresentados à justiça pela PF em fases anteriores da operação. As autoridades apontam que os cargos na Prefeitura eram ocupados por pessoas ligadas aos líderes das facções criminosas. Em troca, os aliados de Cícero tinham permissão para circular nas comunidades e os adversários eram impedidos de promover atividades de campanha.
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