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Senado aprova projeto de Nilda que garante à mulher escolha de método contraceptivo

O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (8) o PL 2.889/2021, projeto de lei que, entre outras medidas, proíbe os planos de saúde de exigir o consentimento do cônjuge ou do companheiro para que mulheres utilizem métodos contraceptivos. De autoria da senadora Nilda Gondim (MDB-PB), o projeto segue agora para análise da Câmara dos Deputados.

O PL 2889/2021 altera a Lei 9.263/1996 para impedir a recusa injustificada da oferta dos métodos contraceptivos e técnicas de planejamento familiar por parte das operadoras de planos de saúde e de empresas que comercializam produtos contraceptivos. O projeto também pune com multa quem impedir ou dificultar, sem a devida justificativa, o acesso da mulher aos métodos de planejamento familiar.

Ao justificar o projeto, Nilda destacou que algumas operadoras de planos de saúde exigem autorização prévia dos cônjuges para que mulheres possam se submeter ao implante de dispositivo intrauterino (DIU). Para a senadora, além de ser flagrantemente ilegal, essa determinação fere os preceitos de liberdade de escolha das mulheres e a legislação vigente, segundo a qual o planejamento familiar é direito de todo cidadão.

“Essa conduta das operadoras de planos de saúde fere não somente o direito das mulheres em relação ao seu planejamento familiar, mas também impõe descabida barreira de acesso ao tratamento de certas doenças que as afligem, como a endometriose, cujos sintomas podem melhorar com o uso de DIU, por exemplo”, ressaltou a senadora, para quem a exigência das operadoras não deixa de ser uma forma de estímulo à violência doméstica e sexual.

A parlamentar lembra que, segundo a Lei Maria da Penha, a violência sexual pode ser perpetrada por conduta que impeça a mulher de usar qualquer método contraceptivo.

“Trata-se, portanto, de um atentado à autonomia reprodutiva das mulheres que não se pode permitir. Embora a conduta das operadoras de planos de saúde seja flagrantemente ilegal, elas se valem de interpretação incorreta de dispositivo da Lei nº 9.263, de 1996, que trata de planejamento familiar e exige consentimento prévio do cônjuge para a realização de esterilização cirúrgica”, disse a senadora.

Gondim acrescentou que essa exigência também soa como uma intervenção inconcebível do estado sobre a liberdade de escolha individual, atingindo a autonomia não somente das mulheres, mas também dos homens que desejam se submeter à esterilização cirúrgica.

O projeto prevê sanções às pessoas ou instituições que, de algum modo, impeçam ou dificultem, injustificadamente, o acesso a qualquer um dos métodos de planejamento familiar disponíveis.

“Eu fico feliz, porque esse projeto realmente era muito importante para as mulheres: o direito de a mulher ser dona do seu próprio corpo e tomar a atitude que ela quiser. Isso é muito importante”, disse a parlamentar após aprovação do texto.

Relatora no Plenário, a senadora Zenaide Maia (PROS-RN) apresentou parecer favorável e disse que a atitude das operadoras é flagrantemente ilegal pois aplicam ao DIU – um método de contracepção transitória – uma regra legal prevista apenas para os casos de esterilização cirúrgica definitiva.

“Concordamos com a iniciativa sob análise, pois acreditamos que ela está em plena sintonia com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Além disso, sua aprovação dará maior coerência ao texto da Lei 9.263, de 1996, que estabelece que o planejamento familiar é direito de todo cidadão”, declarou.

Zenaide Maia acatou emenda apresentada pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), para explicitar que a recusa injustificada de acesso a método contraceptivo se trata de contravenção penal.

“É difícil a gente acreditar que, em pleno século XXI, uma mulher, para resolver fazer uma laqueadura, precise que seu cônjuge autorize ou, então, que um homem, que decida por fazer uma vasectomia, precise da autorização da sua companheira. Isso é uma coisa bastante individual. E não há desculpa para se negar isso”, ressaltou Zenaide Maia.

A senadora Rose de Freitas (MDB-ES) também elogiou o projeto de Nilda Gondim:

“Estamos falando de um instrumento legal para combater a irresponsabilidade dos planos de saúde, a ousadia e o desrespeito às mulheres e, também, à família como um todo, na medida em que só a mulher pode conceber, só ela pode engravidar, só ela pode decidir se quer ou não o DIU. Pode discutir com o seu companheiro, mas a sua decisão não pode ser objeto de matéria dentro de um plano de saúde, de maneira nenhuma”, afirmou.

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