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MESMO SE A FÉ FAIÁ, A SOLIDARIEDADE VAI RESGATAR – A união em torno do Sul da Bahia

A senhora, aos prantos, parecia não acreditar no que via. Torpor, balbuciava incredulidades.

 

Entre soluços apontava para sua casa em destroços, cercada por pedaços de madeira e ferro retorcido, imersos em lama.

 

Eram os restos do muito pouco, quase nada que possuía.

 

Ao redor dela dezenas de moradores da Vila Cachoeira, em Ilhéus, na mesma situação.

 

Todos pobres, as maiores vítimas sempre, desta e de outras tragédias.

 

Na sequência imagens da principal avenida comercial de Itabuna (minha cidade Natal) inundada por água e baronesas.

 

Há dias fui invadido por um enorme sentimento de impotência.

 

As imagens que chegam da minha raiz, o sul da Bahia, ainda são aterradoras.

 

Triste ver praças, avenidas, ruas, becos, um simples parquinho, que tanto marcaram a sua infância, completamente destruídos, desfigurados.

 

Mas nada se compara a dor humana. Mais de uma dezena de mortes, quase cem mil pessoas desalojados e mais de meio milhão de atingidos pelas fortes enxurradas que atingem a região.

 

Para se ter uma dimensão da força das águas (nenhum lugar do mundo choveu tanto em dezembro quanto lá), são mais de 130 municípios em situação de emergência.

 

Itabuna não vive algo parecido desde a grande enchente de 1967, quando eu sequer era nascido.

 

Eu não sou muito afeito a essa idéia de extrair positividade de desgraças. Apesar de bonitinho na superfície acho um conceito conformista alienante.

 

Mas isso é outra história…

 

E, no fundo, são episódios assim, de dor e vulnerabilidade, que desmontam até nosso juízo sobre as coisas.

 
 

Foto: Felippe Thomaz / @weflip.co

Pois, apesar da angústia com o que se abate com o povo do meu solo-mãe, há tempos não me orgulhava tanto das pessoas, de gente, assim.

 

Impressionante, contagiante a mobilização e engajamento popular para prestar algum tipo de assistência emergencial aos atingidos.

 

Vi uma cena espetacular de cordão humano para transportar mantimentos de um lado a outro de uma pista intrafegável por conta de uma enorme cratera no meio.

 

Inspirador.

 

Um espírito de coletividade, proteção ao outro que precisava ser resgatado e, mais que isso, deve voltar a fazer parte de nossa essência, perenemente.

 

Dá até vontade de voltar a acreditar na humanidade

 

Familiares, amigos, anônimos, artistas, sociedade em geral devotados a sobrevivência dos pares, irmãos.

 
 

Minha mãe na cozinha comunitária

Meus pais estão integralmente a serviço de uma cozinha comunitária, emergencialmente, funcionando nas instalações do Colégio Batista, aonde estudei por dois anos e, que pertence a igreja da qual eles são membros.

 

Meu cunhado conseguiu em três dias de uma frente de ação, inicialmente entre amigos, arrecadar mais de 35 mil reais, via PIX, revertidos em alimentos para abastecer a produção de comidas de diversas cozinhas montadas com esta finalidade.

 

Minha vozinha, octogenária, com corpinho de 25, esbanja a vitalidade que lhe é peculiar, arregaçou as mangas e encara a jornada de solidariedade, diariamente, exibindo sua disposição abissal.

 

Meu irmão, primos, tios, ex-colegas, vizinhos, completos desconhecidos, todos envolvidos em alguma dessas nobres missões.

 

Me fez reviver afetivamente essa baianidade linda!

 

Baiano faz mutirão pra bater laje e depois todo mundo se junta pra “bater” aquela feijoada com cerveja, na conta do dono da casa.

 

E nem me acusem de ufanismo, esses sentimentos menores que não cabem em situações tão dramáticas assim. É orgulho exacerbado mesmo, com esta lição de humanidade.

 

Frisando que esse clima solidário não é exclusividade de um território, tomou conta do país.

 
 

Meu pai e outros solidários na cozinha comunitária

Conferi pessoalmente, em pesquisa na internet, mais de uma dezena de estados com campanhas locais para enviar qualquer tipo de ajuda ao sulbaiano.

 

Até a UFPB, onde estudei aqui na minha outra terra, Paraíba, entrou no circuito.

 

O governo paraibano também está entre outros cinco estados brasileiros que enviaram socorristas e equipamentos do Corpo de Bombeiros para ajudar nos trabalhos.

 

Imagina minha vaidade e sentimento de pertencimento a estas localidades, povos, causa??

 

Por sinal este e alguns outros locais/campanhas de doação para os interessados estão disponíveis no fim deste texto.

 

Quem puder ajudar a “civilização grapiúna” (como o filho mais ilustre Jorge Amado se referia a seu povo) a sobreviver e se reerguer basta escolher dentre um destes canais.

 

Já superamos a devastadora praga da vassoura de bruxa e outros obstáculos da história, agora um desastre dessa dimensão ainda dentro de outro cataclisma mundial, que é a interminável pandemia…

 

Sairemos mais fortes e unidos desta tragédia também.

 

CAMPANHAS

 

-João Pessoa-PB

 

UFPB (Entradas e reitoria do Campus 1 e unidade Mangabeira)

-Bahia

Corpo de Bombeiros Militar (Todos os quartéis do Estado)

 

OAB – BA (Sede do órgão em Salvador)

 

TRE-BA (Sede do órgão em Salvador)

 

PIX 2198459-2031 BAUER SOARES (campanha local para compra de insumos a abastecer a produção de alimentos e distribuição nos seguintes locais:

 

Igreja Batista Teosópolis Conceição

Goreth Mangabinha

Núcleo ceplac

Igreja Batista Betânia São Caetano

Coliseu Banco Raso

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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