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A GUERRA MOTORIZADA DAS RUAS

A cada hora cinco pessoas morrem em acidentes de trânsito no Brasil!

 

Nas ruas, estradas, grandes avenidas, vielas.

 

Aqui na Paraíba, apenas esta semana dois casos reacenderam o alerta.

 

A última foi um acidente em uma rodovia estadual do interior.

 

A outra, na capital paraibana, em uma das mais movimentadas vias da cidade, palco de outra fatalidade meses antes.

 

As vítimas, em todos estes casos, motociclistas, a trabalho, ou a caminho do serviço.

 

Mas o que escrevo não é homilia para “missa de corpo ausente”.

 

Não pretendo subir palanque para oportunismo de superficializar a dimensão do problema, ao contrário, acho que, não há momento mais adequado para se expandir e mergulhar no debate sobre a questão.

 

Me solidarizo a dor dos familiares, respeito o luto, mas já passou da hora de, efetivamente, se travar um debate por parte da imprensa, órgãos competentes sobre esta tragédia nacional, que é o trânsito!

 

Incluindo aí os motoqueiros, ou motociclistas com o prisma sim de colocá-los como promotores, atores protagonistas também desse caos que é o trânsito das grandes cidades brasileiras.

 

Paradoxalmente, maiores vítimas e um dos agentes principais para esta violência desenfreada nas vias nacionais.

 

Não se precisa lembrar, que, por óbvia condição natural é o condutor de motocicleta o maior vulnerável no trânsito, e, historicamente, os carros desprezam, ocupam, suplantam, quase esmagam o espaço das motos, literalmente jogando-os à margem.

 

Menos ainda deveria destacar que, as percepções que faço não são generalistas, jamais.

 

Mas também é inegável, que por meios próprios, ou não, os motociclistas são também algozes da violência que os vitimam em escala de guerra.

 

Você chegou até aqui e já revira a cabeça, faz cara feia, como se a narrativa intentasse criminalizar vítimas.

 

Calma aí, desacelera.

 

Não estou me atendo aos episódios em questão (esses e o outro caso no mesmo Retão de Manaíra), quando criminosamente um motorista atingiu por trás uma motocicleta, causando a morte do motoboy em serviço.

 

O debate e complexidade do problema da violência no trânsito é bem maior que estas duas situações, mas por falar em trabalho, quando as empresas de delivery, start-ups tipo Ifood, Uber Eats etc vão assumir co-responsabilidade por esse trânsito frenético brasileiro?

 

Se beneficiam da total flexibilização, extinção, na essência, de obrigações trabalhistas, remuneram miseravelmente os entregadores e “despejam” encomendas para lá e para cá, inchando as ruas, pressionando o trânsito e os motoboys com prazos apertados, urgentes, sem nenhum ônus assumir no processo.

 

Mais que o absurdo de, em nada serem responsabilizadas quanto a assistência, indenização financeira das vítimas e familiares que se acidentam em serviço (afinal entregadores são apenas estatística, vai um, vem mil), quando estas empresas se mobilizaram por questões mínimas como cursos de direção defensiva, qualificações, que sejam, dos profissionais que fazem, na prática, o cobiçado e valoroso sistema deles funcionarem?

 

Mas não é apenas a pressão empresarial “contra o relógio” que acelera e negligencia as ruas brasileiras.

 

E aquele piloto caseiro, habitual que também adora “costurar” o trânsito?!?!

 

E não falo apenas dos semáforos, quando arrastando pelo meio da pista, nem retrovisores escapam. Já tive dois arrancados, um a pesada, para liberar espaço de passagem.

 

Deixa pronta para piada do Jackson Five, aquele motoboy personagem do Marco Luque: “a gente só tira uz retrovisor sem uso, de motorista ruim”.

 

Ok, ok, mas e em “pista aberta”, fluxo contínuo??

 

Aquele zunir de motos passando a toda velocidade pelo meio, direita, acostamento etc e tal?

 

Quase surgidas do nada…

 

Tenho sempre um exemplo em mente: se você está a 100 metros de distância de um veículo atrás e dá a sinalização para uma conversão, ele reduz, em geral, o motociclista na mesma distância, mantêm aceleração contínua, permanente, impassível ao que se passa ao redor.

 

Faça um teste em qualquer rota habitual.

 

Desacelerar não parece ser uma opção para muitos condutores de motos.

 

Parece estar habituado, crer que a moto deve representar atalho, celeridade sempre.

 

Repito, logo eles, os mais vulneráveis promovendo a imprudência, sendo os que mais se expõem.

 

Difícil entender essa equação onde motos lutam por direito de serem respeitadas enquanto veículo com ocupação de seu espaço no trânsito, mas se especializam em usar espaços não recomendados, burlar um sistema que, obedecido por todos, preservaria vidas, especialmente as suas.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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