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O CURIOSO CASO DE BENJAMIN ‘MAGALHÃES’ BUTTON – Escreve Marcos Thomaz

Temos uma “girafinha métrica” em casa.

 

Colada à parede, em frente ao quarto do Ben, é nela que registramos o crescimento em tamanho natural dele.

 

Dia desses, na rotina despretensiosa, fui medi-lo.

 

Ao marcar a “girafa” com a caneta percebo que havia outro traço acima, misteriosamente registrado em data anterior. Dois meses de diferença entre as medições para ser mais exato!

 

Meu filho encolheu? Talvez.

 

Aquilo reacendeu em mim a suspeita de ter uma versão de Benjamin Buton em casa.

 

Bem, na verdade o caso em questão era apenas uma distração materna. A mãe marcou o filho acima do tamanho verdadeiro. Trapalhada normal lá em casa, devo confessar publicamente.

 

Mas o fato é que sempre suspeitamos ter, no lar, um “ser” fora do seu tempo .

 

Mais do que a “cara de véio” de nascença, comum a ele e outros milhões de bebês que nascem com esta característica, Benjamin sempre nos transmitiu a sensação de estar avançado na cronologia natural por características comportamentais, que exalam uma maturidade e sabedoria precoce.

 

Extremamente zeloso, acho que nunca quebrou nada em casa. Fato raro para crianças, em especial em uma casa onde o conjunto de copos tem que ser trocado mensalmente, por falta de habilidade manual de alguns adultos. Com o Ben, nunca precisamos transferir coisas de lugar, retirar “potenciais ameaças”, nem quisemos fazer assim.

 

Precavido como o pai (receba um prevenidão aí), se antecipa ao risco de situações corriqueiras e é o primeiro a alertar que ele não pode, ou deve fazer aquilo, como, por exemplo, mexer em energia elétrica, quando inadvertidamente pedi para ele conectar o celular ao carregador.

 

Mas isso não o impede de ser aventureiro. Gosta de arrelia, “se joga” nas brincadeiras como a mãe, explora seus limites, desafia a gravidade bem além do que o pai fazia, mas como um senhor maduro, o faz dentro de medidas preventivas mínimas, digamos assim.

 

Compreensivo, sempre acata um pedido de desculpas com: “Tá tudo bem, pai!”, “Não tem problema, mãe!”

 

Mas a compreensão não vem fortuitamente, é antecedida de um enorme senso de justiça e demarcação de direitos: “Você precisa falar assim com seu filho?”, “Pode ter paciência para me explicar? Eu ainda sou uma criança!”

 

Ciente da necessidade de auto-cuidados é o próprio quem avisa sobre o horário do remédio que passou, em caso de esquecimento dos responsáveis.

 

Companheiro, acompanha até as preferências mais triviais paternas e maternas. Da fissura pela bala de gelatina herdada da mãe, ao hábito excêntrico de chupar gelo do pai. O que ele gosta mesmo é de compartilhar momentos.

 

Também atua como fiscalizador das funções paternas e maternas e nos lembra sempre das nossas responsabilidades. Quando perguntado sobre o que prefere comer, mas não quer se comprometer, logo arremata, saindo pela tangente: “Sou eu quem vou decidir o que posso comer? Você é meu pai, você quem tem que dizer”.

 

Tem personalidade forte e delimita seu espaço mesmo em tom irônico: “Eu quero jogar em paz. Papai e mamãe, me deixem na minha” (e abre um sorriso maroto de canto de boca).

 

É um contumaz observador, profundo conhecedor de todos os hábitos e costumes dos outros e sabe usar perfeitamente quando lhe é conveniente: “Papai só quer assistir jornal, ou ver jogo do Vitória” é uma deixa clara para trocar de canal e mergulhar no mundo dos desenhos.

 

É conciliador, não gosta de arengas, mesmo em se tratando apenas de uma aparente briga. Basta um debate mais acalorado para intervir com o sábio: “Vocês não acham que é melhor parar de falar?”

 

É acalentador, sempre à postos para um carinho, dengo, transborda amor em dias sempre recheados de beijos, mensagens de “eu te amo” e sono noturno abraçado simultaneamente ao pai e a mãe.

 

É psicólogo familiar e sempre tem o diagnóstico preciso aos que o rondam: “Pai por que você está sempre assim? Tão entediado?” -Quem resiste a uma pandemia com tantos sobressaltos, meu filho??

 

E desse jeito fica mais fácil. E a gente vai levando e o criando e ensinando. Ou sendo criado e aprendendo. Às vezes tenho real dúvida das posições neste processo.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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