O Carrefour colocou sua alta cúpula para reconhecer racismo e sua “parte no latifúndio” sobre essa tragédia nacional no horário mais nobre da TV brasileira.
O presidente brasileiro falou ao G20 que o Brasil é miscigenado e insinuação sobre racismo nessas bandas de cá é uma tentativa de espalhar ódio no país.
No intervalo do Fantástico, até o CEO do Carrefour gastou seu sotaque francês para admitir que o crime cometido na propriedade do supermercado teria aspecto racial claro.
O senhor Bolsonaro, falando aos mais importantes líderes mundiais, atribuiu a teorias de ódio e tentativas de semear instabilidade qualquer insinuação de racismo no Brasil.
O vice-presidente do Carrefour apresentou números sobre “universo” de negros e pardos na empresa, além de destacar necessidade de mais políticas corporativas nessa linha.
O presidente Jair Bolsonaro, em uma fala estarrecedora “para gringo ver”, culpou a “luta por igualdade” e um tal conceito de “justiça social” como responsáveis pelo problema de divisão entre raças no Brasil.
Ao Carrefour, independente da honestidade do discurso, do interesse de resgate da imagem da marca e posicionamento mercadológico, alguma postura existiu.
Pouco, muito pouco e nada redentora, é verdade. Chega de episódios assim e notas de repúdio, afastamento de funcionário, quebra de contrato com empresa de segurança etc e tal. Há algo de podre na política da empresa, porque os episódios se sucedem em profusão há vários anos. Mas assumir é o mínimo que se espera, forçadamente, ou não?!?
Já ao presidente brasileiro coube a tradicional descompostura, contumaz mentira cotidiana e indiferença aos 500 anos de história e desigualdade racial/social do país… mais uma vez ataca as vítimas, fortalece a negação de direitos, escamoteia a verdade e distorce os fatos para o mundo.
Algo, há tempos, está muito fora da ordem aqui abaixo dos trópicos.