“Um verdadeiro golpe nos franqueados espalhados por todo o paÃs!â€. Assim definiu à imprensa, um proprietário de franquias do grupo O Boticário.
O Grupo, após mudança em sua diretoria, alterou a estratégia de negócios e promoveu a implantação do sistema de venda direta, nos mesmos moldes em que atuam as empresas Natura e Avon. O anúncio da mudança foi feito em meados de 2011, mas apenas no ano de 2016 passou a ser um problema.
Franqueados em todo o paÃs passaram a ser obrigados pelo grupo a instalar Centros de Distribuição de Venda Direta nas regiões onde atuam, para atender os novos moldes da empresa, assumindo todo e qualquer custo.
O novo sistema de venda adotado pelo grupo O Boticário acabou por achatar as franquias, não apenas pela queda no número de clientes nas lojas e custos para a manutenção dos Centros de Distribuição de Venda Direta, mas também pelo fato das revendedoras na compra dos produtos com os franqueados possuÃrem, pelo menos, 15% de desconto. No entanto, o franqueado não obtém o mesmo desconto na compra direta com a indústria, amargando o “prejuÃzoâ€. “O modelo está de forma clara induzindo as franquias à falênciaâ€, refletiu um franqueado.
Segundo informações, a diretoria do grupo O Boticário definiu que a empresa Interbelle, também pertencente ao grupo, passaria a comprar as franquias que, devido a essas mudanças, estão passando por problemas financeiros. Não vendo saÃda, muitos empresários optaram pelo repasse, a exemplo de franquias nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, ParaÃba e Ceará.
Um grupo de franqueados insatisfeitos está se reunindo e pretende criar uma associação para brigar contra a maior rede franquiada de perfumaria e cosméticos do mundo, com 3.100 lojas no PaÃs e atuação em mais sete paÃses.
À época da implantação do novo sistema, o diretor da consultoria Praxis, especialista em varejo, Adir Ribeiro, declarou em entrevista à Exame que envolver a base de franqueados nessa iniciativa pode ser uma maneira de o Boticário se livrar de dois problemas de uma só vez. O primeiro – e mais óbvio – seria criar do zero uma estrutura comercial que entenda as peculiaridades de cada região do Brasil. O segundo, evitar conflito com sua rede de distribuição já estruturada. “O maior risco na hora de uma empresa diversificar o modelo de vendas é prejudicar o relacionamento com aqueles que a fizeram crescerâ€, afirmou Adir Ribeiro.