Foi aberto na noite dessa quarta-feira (23) o 2º Encontro Nacional de Gestores da Cultura, que reúne quase duas mil pessoas de todo o Brasil e que por três dias vai discutir os rumos das políticas públicas para o setor cultural brasileiro. O evento é considerado o mais importante do setor no Brasil, acontece em João Pessoa e é organizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB), em parceria com o Fórum Nacional de Gestores de Cultura.
Pela importância que o encontro representa ao setor cultural brasileiro, a ministra Margareth Menezes e boa parte da estrutura técnica do Ministério da Cultura (MinC) viajaram para a capital paraibana e participam do evento que ocorre no Centro de Convenções. Na abertura da solenidade, ela destacou a importância da retomada do MinC para o país e enfatizou que a cultura só prospera em ambientes democráticos.
“O Fórum Nacional de Gestores de Cultura, o Ministério da Cultura e a democracia brasileira completam 40 anos em 2025. São sinalizações importantes para saber o que estamos defendendo aqui. Só no ambiente democrático é que a alma do povo, através da cultura, pode se expressar livremente”, reforçou.
Ela lembrou que desde que o MinC foi criado em 1985 ele já foi desmontado três vezes e que o momento agora é justamente de reconstruí-lo mais uma vez, reestruturá-lo para poder atender pessoas de todo o Brasil, de todos os estados e do maior número possível de municípios brasileiros.
Para isso, Margareth destaca a importância de um pacto federativo que envolva igualmente estados e municípios, mas ponderou que outras ações precisam avançar. “É necessário transformar a cultura num direito acessível a todos os brasileiros. Pela primeira vez, dispomos de recursos mínimos para promover a cultura, mas dispor de recursos é apenas o primeiro passo. Precisamos estabelecer agora os marcos que precisamos firmar e fomentar no Brasil”, pontuou.
Anfitrião da noite, o secretário de Estado da Cultura, Pedro Santos, destacou a necessidade de descentralizar recursos, criar políticas públicas que efetivamente cheguem a todo o País. Nesse sentido, ele ressalta a importância de um evento dessa magnitude acontecer pela primeira vez no Nordeste brasileiro.
“Estamos nos últimos tempos refletindo sobre novas centralidades. E realizar este evento na Paraíba, no Nordeste, colocar o nosso estado no epicentro deste debate, é sim um exercício de produção de novas centralidades”, comemorou.
Ele ressaltou também a importância da recriação do MinC e como é importante esse diálogo entre estados e o Governo Federal. “A Paraíba reconhece todo o esforço da ministra Margareth Menezes nesse processo de restabelecimento do MinC. A dupla missão que ela está se propondo de reconstruir uma instituição pública como o Ministério da Cultura e, ao mesmo tempo, construir políticas públicas para os trabalhadores da cultura”.
Já o presidente do Fórum Nacional de Gestores da Cultura, Fabrício Noronha, ressaltou que pretende firmar nesses três dias de evento em João Pessoa um “pacto pela cultura” que permita lutar por políticas públicas para a cultura e, principalmente, que essas conquistas não retrocedam jamais. “É preciso muita coragem para assumir os desafios que assumimos. E estarmos juntos aqui em João Pessoa é algo fundamental”, enfatizou.
Ele lembrou que a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura já foi um projeto que estava apenas no papel e que hoje é uma realidade grandiosa, que ajudou a concretizar um orçamento para a cultura, algo inédito no país. Ele pondera, entretanto, que o momento é de “diversificar mecanismos, sonhar para além dos editais de cultura”.
E completa, ressaltando a importância de uma vigilância constante, de reuniões regulares para discutir o setor cultural brasileiro: “Já passamos por maus bocados e sabemos o que pode acontecer com um governo que tenha uma sanha em destruir a cultura”.
O Encontro Nacional de Gestores da Cultura recebe na capital paraibana os 27 gestores estaduais de cultura do Brasil e quase duas mil pessoas ligadas ao setor cultural vindas de mais de 700 municípios brasileiros. Entre elas, muitos secretários municipais de cultura de todo o País.
O evento foi estruturado em três formatos principais: “Diálogos Necessários”, “Laboratórios de Gestão” e “Encontros Temáticos”.
Os Diálogos Necessários promoverão reflexões críticas sobre os principais desafios da política cultural no Brasil, estimulando a construção de soluções coletivas. Já os Laboratórios de Gestão oferecerão capacitação prática e direcionada, com foco no aperfeiçoamento das ações e ferramentas de gestão pública da cultura.
Por fim, os Encontros Temáticos servirão como espaços estratégicos de articulação entre redes de gestores, fortalecendo agendas comuns e ampliando o alcance das pautas que serão desenvolvidas após o encontro.
O Encontro tem patrocínio da Fundação Itaú e conta com a parceria de entidades como o Fórum Nacional de Secretários e Gestores de Cultura das Capitais e Municípios Associados e da Rede Nacional de Gestores Municipais de Cultura. E também cooperação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).
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