Amigão, senta aí um pouco para eu explicar algumas obviedades.
Não me exijam lealdade irrestrita a todo e qualquer posicionamento de terceiro.
Sou um cidadão, não um ventríloquo.
Assim sendo, estou mais a postos ainda para apontar o que considero erros, ou falhas de agentes públicos, senhores e senhoras que decidem o meu, seu, nosso futuro.
Também tenho visões divergentes, conflitantes a Lula e críticas a alguns pontos de suas gestões desde antes do fim do mundo.
Não é agora, no pós-apocalipse nacional, depois da passagem da besta-fera entre palmeiras e cercadinho, que vou me sentar sobre os destroços da nação?!?!
Ademais, nem comecei ainda a reclamar…
Esse recado é, especificamente, aos amigos da esquerda, onde me situo.
Não tenho a menor paciência para proselitismo.
E, infelizmente, alguns de nós, às vezes, conseguem ser tão catequisados quanto uns elementos estranhos por aí…
À boca pequena, em debates internos ao longo destes primeiros cem dias de governo, a ala dos mais comunistas dentre todos os comunistas, mantêm-se em sentinela para erguer os escudos da proteção.
Mais que isso, é “kit limpeza” separado para passar pano em qualquer “melecada” federal.
E nem estou aqui a falar do desejo humano quanto ao grotesco episódio do presidente dizer querer f*** Moro.
Só quem passou mais de 500 dias preso em um processo viciado, manipulado por um juiz pode expressar o que sente.
Aquele negócio de “lugar de fala” sabe?
Ele só não precisa expressar esse ódio mortal nu e cru assim estando Presidente da República, em uma entrevista…
Mas, aí esta semana, Lula me saiu com uma de atribuir aos jogos eletrônicos e afins a culpa da violência infanto-juvenil?!?!
Olha, deixemos a polêmica de Ana Moser com eSports pra lá.
Há variáveis mais graves nesta análise descabida do presidente.
Totalmente alheio a qualquer embasamento científico-técnico na constatação, tese recheada de preconceitos e conservadorismo.
Cadê o progressismo, que desmonta conceitos absolutos estigmatizados sobre novos costumes, hábitos, cultura etc?
Ah, Lula, uma sociedade doente dessa contemporaneidade (aliás, quando a humanidade foi sã?), com tantos elementos dissonantes, sangue jorrando em tantas “vitrines”, e você atribui a tela dos games o motivador da “juventude transviada”?
Guardadas as proporções, companheiro, é o mesmo que dizer que “esta libertinagem, onda gay, putaria generalizada” e tudo o mais que os caretas usam para camuflar o ódio ao diferente, vai corromper nossas criancinhas!!
Mas, Lula escorregar nas próprias falas nunca foi novidade, agora as marionetes e exército de soldadinhos de chumbo em defesa de qualquer coisa é dureza de aturar.
Aliás, está mais do que na hora de ter alguém ao lado do Presidente que não dê apenas palminhas em seus ombros, aplauda todas as suas ideias, se derreta com seu sorriso encantador, ou reaja em contra-ataque a todas as críticas vindas do outro lado, ou apenas ao lado.
Como fica, por exemplo, este “efeito manada”, de agir em grupo, sem raciocinar, analisar fatos, apenas alinhado ao bloco que pertence quanto a tributação do tal “contrabando digital” ?
Mais de uma semana de saliva gasta, paciência torrada argumentando aos viciados em produtos “Xing-ling” que o fetiche consumista deles não pode sobrepor-se a lei, justiça tributária, equilíbrio comercial, que o comércio varejista brasileiro é quem mais emprega e estava afetado diretamente etc e talz…
Aí, por popularidade, “do nada, do nadão” o processo é abortado, sem mais delongas, ou explicação maior…
Já dizia o outro Lu, o Lulu: “voltamos a estaca zero, fica tudo igual…”.
E você, após toda a defesa da causa, agora acha normal retroagir na própria opinião, assim, abruptamente?
Um malabarismo verbal típico dos minions!
Não esperem isso de mim…
Abro um parêntese aqui para reforçar que o texto foi escrito antes do anúncio do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de acordo com a Shein (um dos maiores conglomerados deste tipo de e-commerce) para instalação de fábrica e projeção de 100 mil empregos diretos no país em alguns anos. O mesmo Haddad, na épóca do anúncio da tributação destas empresas, disse, sequer conhecer nome, desta, ou outras marcas do ramo. Que venham a unidade fabril e os empregos.