Dória, em Guarabira, pleno interior paraibano, pergunta a platéia: “quem aqui já foi a Dubai?”. Fala desferida, com a tradicional empáfia, soberba camuflada de naturalidade de quem vive, desde o berço, completamente, fora da realidade da imensa maioria dos brasileiros…
Paulo Guedes declara que o Brasil cresce mais economicamente que as outras nações do mundo. O comentário vem carregado de tom animado, confiante, exaltando os “feitos” da sua gestão.
Em cadeia nacional de rádio, Fernando Shuler afirma, categoricamente, que a manutenção do equilíbrio fiscal é mais importante ao Brasil e aos brasileiros do que qualquer assistência social. Sem pudor o analista se referia com desprezo ao Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família projetado pelo governo federal.
Todas as declarações feitas em um mesmo dia, em locais, horários e canais distintos.
O que há de comum entre as três declarações, além da total alucinação à realidade que rodeia o país?
A fala do comentarista de tudo e nada da Rádio Band News só corrobora sua desonestidade intelectual e total desprezo a situação de milhões de brasileiros que, simplesmente, morrem e morrerão de fome sem qualquer assistência emergencial! Mas isso nada diz ao doutor aficionado pelo gráfico na tela e não o dia a dia de compatriotas. Independente se o real e, talvez único intento e preocupação de Bolsonaro com a implantação do novo benefício for eleitoral, além da simples questão esquerda-direita (proselitismo que o dito Fernando adora citar para legitimar suas “passadas de pano”), o amparo federal é fundamental à vida.
Já ao “Posto Ipiranga” nada mais resta do que forjar, fraudar dados, distorcer números de um governo catastrófico em qualquer setor. Inoperante em qualquer medida tomada. Nocivo ao povo e destinado apenas a mão grande do mercado, aquele a quem o ministro da Economia deve toda a fidelidade por origem, obsessão e compromissos firmados. Em ironia trágica o “mister Chicago” vibrou entusiasticamente com resultados econômicos que só ele vê, no mesmo dia em que mais um reajuste de gasolina foi anunciado no país. Ninguém aguenta mais…
Já o lobista, digo governador paulista, João Dória, acha que o Brasil é um grande Jardim Europa, Jardins, ou Morumbi. Fantástico mundo em seu entorno, livre de pichações indesejadas, cercados de segurança e com ponte aérea aos Emirados Arábes.
Ainda querem saber o que une essas três figuras, além do desvario mental, descolamento total da realidade?
Ambos, cada qual a seu modo são artífices, vetores para esse caos em que mergulhou o Brasil.
Fernando Shuler, sistematicamente, usava seus espaços midiáticos para, minimizar riscos, atenuar a ameaça que representava a ascensão do bolsonarismo. Em palavras do próprio: “Bolsonaro é um tipo mais pragmático do que muitos imaginam”. Bem se vê…
João Dória se engajou de corpo e alma e, mais que isso, como diz na Bahia, “pongou” no trem descarrilado do bolsonarismo, que começava a varrer o país de desinformação e catarse coletiva. Quem esquece do famigerado Bolsodória??
Já o Paulo Guedes, é simplesmente o elo de ligação entre o bolsonarismo e o sistema financeiro nacional. Os homens do poder e dinheiro que sustentam este projeto de destruição nacional no poder. Ao mercado, Guedes e sua teoria “libera geral” funcionam como avalistas deste desastre brasileiro, desta aberração histórica.
“O golpe ta aí. Cai quem quer…”