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Nada será como antes – escreve Demétrius Faustino

Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia / tudo passa, tudo sempre passará. Esse trecho da canção “Como uma onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta, quando no auge, era uma espécie de “melô da dialética”, atualmente se aplica ao ex-juiz Sérgio Moro, porquanto de juiz a ex-juiz, de ministro a ex-ministro, e de acusador a acusado.

Em que pese a garantia concedida ao juiz de interpretar a ordem jurídica segundo a sua convicção, motivadamente, ao amparo da lei e da Constituição, isto não significa dizer que este pode atuar parcialmente ou com viés ideológico. Foi o que ocorreu com o Dr. Sérgio Moro. Dai o motivo de ter subido e depois descido mais de 1.800 colinas.

Ora, esqueceu o então magistrado, que as coisas mudam com o passar do tempo. E se o processo de suspeição que tramita no STF desde novembro de 2018 contra o mesmo, retomar efetivamente o seu curso normal, sem embaraço, passamos a acreditar que a justiça está sendo feita, pois em plena era da informação, decisões ilegítimas como as tomadas por Moro, não tem o condão de se perpetuar.

Em outros tempos, grandes injustiças históricas levavam anos, até décadas, para serem reparadas. As notícias caminhavam lentamente, a única alternativa às blindagens do sistema eram livros de baixa circulação, depoimentos pessoais, panfletos e jornais menores, que não influíam nos grandes circuitos de informação. Hoje em dia, o jogo é outro.

Mas para tanto foi necessário Sérgio Moro deixar a magistratura para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, para que a Corte se convencesse da sua parcialidade, apesar dos advogados de Lula terem argumentado bem antes desse fato, a divulgação de interceptações telefônicas ilegais, determinação de condução coercitiva sem que o ex-presidente tivesse se negado a prestar depoimento, e sem esquecer do conluio arquitetado por aqueles que integravam a força tarefa da Lava Jato. Acrescenta-se a isso o ataque hacker que originou a chamada Vaza-Jato; as mensagens trocadas entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba etc.

Os alvos não foram escolhidos ao acaso, mas certamente Lula, o PT e as forças representativas do movimento social, eram os empecilhos que precisavam ser afastados. Só que o mundo girou e o que era improvável, neste momento, ressurge com uma nova e motivadora possibilidade: A volta de Lula a cena política.

Está na hora de reconstruir a nação e resgatar a democracia, antes que o retrocesso político e civilizatório brasileiro deixe pedra sobre pedra nas instituições da República.

João Pessoa, março de 2021.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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