Democracia é a vontade da lei, que é plural e igual para todos, e não a do príncipe, que é unipessoal e desigual para os favorecimentos e os privilégios. (Ulysses Guimarães).
Perspectivas trágicas não fazem bem à alma de quem as escreve e nem à de quem as lê. Mas tem serventia como vigilância, notadamente quando o alerta de que se trata diz respeito à nossa democracia e a necessidade de tentarmos ter olhos de lince e enxergar o que está à nossa volta.
No começo do governo Bolsonaro pregaram: “Bastam um soldado e um cabo para fechar o STF”. Depois provocaram os quartéis anunciando na sua frente: “Eu sou, realmente, a Constituição”. E incentivaram protestos na Praça dos Três Poderes, mas ainda bem que não houve êxito acerca da pretensão. Apenas amedrontou a democracia.
Atualmente, na luz dos pavimentos inferiores dos poderes, rumores apontam que, na Casa Legislativa onde nasceu nossa Carta Cidadã, planejam assassiná-la. O golpe mortífero estaria sendo preparado para satisfazer interesses pessoais e apego ao poder.
Ora, quando um presidente da República anuncia que o regime democrático não é a sua praia, está atestando que sua inclinação é outra, deixando no ar que prepara um futuro mais apropriado às suas preferências ideológicas. Tanto é verdade, que vez por outra deixa escapar uma aspiração ditatorial. Sendo assim, não podemos nos esquecer que ditador não tem prazo certo para deixar o poder. E para tanto, sua primeira postura é sempre dilacerar a Carta Magna para sua própria perpetuação no cargo.
Mas como Jair Bolsonaro não tem poderes demiúrgicos, para sozinho, produzir o mal para a democracia, ele faz militarização dos quadros do Estado, pois sabe que ditadura só existe com a colaboração das Forças Armadas, apesar da Constituição de Ulysses comunicar que essas prestam serviços ao Estado, e não a um caudilho.
O fato é que esta crise política e institucional que estamos vivendo, é fruto da corroboração de um governo antidemocrático, que usa as Forças Armadas para se apoiar nessas ações. Sem esquecer do uso das milícias digitais, e do fato de que o presidente está armando a população de modo aberto com um propósito único: ter uma militância armada para se estabelecer no poder.
Isto é consequência, sem dúvida, do resultado das eleições de 2018, onde o pleito mostrou que do ponto de vista ideológico político restou patente o despreparo da consciência política da grande parte dos brasileiros na participação popular do processo eleitoral.
É preciso que as autoridades tomem uma decisão, porque a democracia está permanentemente sob ataque.
João Pessoa, março de 2021.