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ENQUANTO TENTAM REDUZIR MARADONA AO “PÓ”, O ARGENTINO CONFIRMA A SUA IMORTALIDADE… – Escreve Marcos Thomaz

Já expus algumas vezes que Maradona é um dos meus grandes heróis da bola.

 

Por Maradona eu me rendi a um clube gringo, ainda garoto. Virei Napolitano.

 

Mas não é sobre minha devoção a esse gênio indomável que quero falar. Isso já está sendo feito aos montes.

 

Quero tratar exatamente da abordagem comum, rasteira feita acerca da “vida e obra” do argentino.

 

Neste post mortem, além da tradicional reverência aos feitos mágicos, divinos de Dom Diego em campo, o brasileiro e parte considerável da imprensa local revisitam o medíocre pensamento comum sobre o homem Maradona.

 

Reduzem o ser humano ao estigma das drogas, etc e tal…

 

Ora, vejam só… Podem até tentar apontar, mas o Dios, para o bem e para o mal, viveu 600 anos e não apenas 60, como tentam reduzir em tom de lamento pelas escolhas do hermano. Essa métrica temporal comum fica para os reles mortais como vocês, como nós.

 

Aliás, o grande mérito de Maradona foi ser um Deus humano. Genial, sobrenatural com a bola nos pés e vulneravelmente mortal na vida. E isso, no caso, é puro, total mérito.

 

A dependência química foi uma faceta triste exatamente reveladora das fragilidades desse homem-mito. E em nada , absolutamente nada, reduzem a dimensão de Maradona.

 

Maradona continuou sendo o homem corajoso, de posições firmes (controversas, ou não), apegado as suas raízes, com preocupação social, olhar sensível aos seus “irmãos”, alguém ligado ao povo.

 

Maradona criticou a ditadura argentina. Maradona falava de desigualdade social. Maradona, nunca foi acusado por colegas jogadores de desleal. pelo contrário era tido como alguém simples, sensível, companheiro. “Ah, mas Maradona se entupia de cocaína”.

 

Maradona “empoderou” um povo, ao ofertar auto-estima através de sua arte-futebol aos moradores de Nápoles, cidade do sul italiano, tradicionalmente discriminada pelos italianos do Norte. Praticamente um Norte-Nordeste brasileiro transpondo para o consenso comum preconceituoso nacional. “Ah, mas Maradona era um viciado”.

 

“Mil gols, mil gols, só Pelé, só Pelé, Maradona cheiradooooooorrr.” Até pode soar divertido o cântico que ecoou na Copa do Mundo do Brasil. Arquibancadas são arenas com vida próprias. Mas na percepção real esse conceito raso sobre a vida de Dieguito só expõe nossa mediocridade.

 

Talvez esse “povo de bem” brasileiro tão cheio de valores e princípios morais prefira se identificar com ídolos do futebol brasileiro, que sonegam impostos, são condenados por estupro, defendem autoritarismo etc.

 

Podem lançar mão desses artifícios para macular Maradona. Mas fato é que ele foi gigante também fora de campo, exatamente por suas imperfeições e demasiada humanidade. Nunca tentou se blindar em uma falsa idéia de perfeição, tão comum, por exemplo, ao maior jogador brasileiro e de qualquer planeta em todos os tempos, um conhecido Rei Pelé.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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