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CONFRONTO DE GIGANTES – viaje com Marcos Thomaz ao encontro de duas grandes seleções

Vejam do que a abstinência é capaz!! Em tempos de quarentena e competições esportivas suspensas restou a programação das TVs reprisar grandes eventos, feitos, conquistas e, porque não, frustrações, quase tragédias nacionais!?!?!

Já teve celebração ao tetra, ao penta, só não revisitaram ainda o 7×1! Vale passar hein?? vai que… como disse o fora de órbita Felipão, após o vexame canarinho em 2014: “se você olhar, no segundo tempo, poderíamos ter feito os mesmos 5 gols que a Alemanha fez no primeiro, perdemos muitas chances”. Até hoje acho que tenho mais vergonha dessa declaração do que do chocolate amargo alemão!

Mas voltando a tendência retrô, que a Band já fazia há décadas, mas era taxada de démodé, canal de velharia. Vejam vocês… pois bem, nesta “fase histórica o Sportv já exibiu também a tragédia de 82 e com isso voltou o choro incontido dos saudosos ainda inconformados com aquela derrota para a Itália no Sarriá. Nesta terça estreou a campanha impecável do tricampeonato em 70, também no SportV. E assim reacende-se a velha e barata polêmica: quem é melhor a seleção de 82 ou a de 70??

Me perdoem alguns amigos,  mas qualquer questionamento do tipo, para mim é insano, irracional e querer criar um debate pobre, baseado na glamourização da derrota apenas para polemizar fortuitamente. Em linhas gerais, querer pagar de diferentão! Pois eu, que não estou aqui para chorumelas, nem média,  cravo sem pestanejar: a de 70 é melhor em todos os quesitos! Todos. Organização e equilíbrio tático, resultados (ô!) e talento máximo!

E olha que sou romântico futebolista, não acho que resultado seco, número absoluto determine tudo! Longe disso, em um jogo, muitas variáveis podem acontecer e, especificamente sobre 82 estamos tratando de uma adversário como a Itália,  tradicionalíssima, com uma bela esquadra, ao contrário do que muitos no Brasil tentam desmerecer!

Enfim, há legados fundamentais daquela seleção de Telê! A capacidade de reunir tantos talentos únicos (Zico, Falcão, Sócrates, Júnior etc) o jogo fluido, ofensivo, vistoso, envolvente etc… Que o diga Guardiola, para muitos o maior técnico do século, devoto confesso e influenciado direto por aquele futebol mágico, como o mesmo não cansa de exaltar.

Mas aquela seleção de 70 também reunia talentos em profusão. Para ficar apenas na linha de frente, que outra equipe no mundo conseguiu reunir ao mesmo tempo, em campo tantos “camisas 10”?? Gerson, no São Paulo, Rivelino no Corinthians, Jairzinho no Botafogo, Tostão no Cruzeiro e um tal de Pelé, no Santos. Junto este quinteto ofensivo era ainda mais complementar um ao outro do que a força ofensiva de 82! Afinal, tínhamos a explosão do furacão Jair, a genialidade única de Pelé, o lançamento primoroso, milimétrico de Gerson, a movimentação inteligente de Tostão criando avenidas, a patada atômica de Rivelino etc…

Jogávamos por música também, como se associa ao estilo do time de Telê, mas com um diferencial: o time do tricampeonato foi implacável. 7 vitórias incontestes, com goleada avassaladora na final, apenas em um jogo em que fez menos que 3 gols, no tenso 1×0 contra a então campeã mundial, Inglaterra! Jairzinho, o até a Copa o menos badalado dentre o quinteto de 10 fez gol em absolutamente todos os jogos do mundial.

Até a força dos adversários é um outro avalista, referendo da potência daquela seleção canarinho! Além da, talvez mais forte Inglaterra de todos os tempos, a própria Itália, adversária que chegou a finalíssima após a um duelo épico contra a poderosa Alemanha (o jogo do século)! Além disso tínhamos a força da tradição uruguaia e até mesmo um surpreendente Peru de Cubillas!

E para finalizar qualquer debate infértil, dar um xeque mate nesta treta de 82×70 basta lembrar que na campanha do tri tem os dois “gols que Pelé não fez”. Duas obras primas, telas sublimes, feitos mágicos do Rei, que sozinhos valem por uma copa inteira. Primeiro na estréia contra a Tchecolosváquia aquele chute do meio de campo desviado por um sopro diabólico. Depois, na semifinal contra o Uruguai, o drible mais genial de todos os tempos no goleiro Mazurkiewicz e, mais uma vez por capricho dos deuses, um chute rente a trave!

A questão é que muito além desse antagonismo forçado que tentam imprimir as seleções de 70 e 82, o que ambas possuíam em comum, que nos escancara a realidade atual?? O fato de representarem uma época em que existia alguma identificação, magia, sinergia entre a camisa canarinho, a seleção brasileira de futebol e o povo! Hoje aquela camisa e demais adereços representam outros símbolos e valores, nada nobres ou orgulhosos…

 

 

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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