O presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje a saída dele do PSL e confirmou a ida ao partido Aliança pelo Brasil, ainda a ser criado, segundo parlamentares do PSL após reunião no Palácio do Planalto.
A reunião serviu para oficializar a decisão de sair do PSL aos aliados e discutir os meios da criação da nova sigla. Bolsonaro ainda não formalizou a desfiliação do PSL. Após se desfiliar, ele deve ficar sem partido até a criação do Aliança pelo Brasil.

“A gente acabou de sair da reunião com o presidente, na qual ele anunciou a saída dele do PSL. E ele vai para um novo partido que vai se chamar Aliança pelo Brasil”, declarou a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF).
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) disse que a expectativa é que cerca de 30 parlamentares do PSL migrem para a nova sigla junto com Bolsonaro. Nomes ainda não estão definidos.
O PSL conta hoje com 53 dos 513 deputados federais, segunda maior bancada atrás apenas do PT, e três dos 81 senadores. O Aliança pelo Brasil também está aberto para abrigar políticos atualmente em outros partidos, falou Silveira.
A informação foi confirmada também pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO), presente à reunião. O presidente ainda não se manifestou sobre o tema após o encontro. Uma possibilidade é que Bolsonaro faça o anúncio em seus perfis nas redes sociais.
Ontem, à coluna de Constança Rezende, o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) afirmou que acompanharia o presidente Bolsonaro em uma eventual migração para um novo partido.
Próximos passos
Seguindo a Justiça Eleitoral, o grupo agora precisa colher 500 mil assinaturas em ao menos nove estados e entregá-las ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até março de 2020 para que o Aliança pelo Brasil possa lançar candidatos próprios nas eleições municipais do ano que vem. Estarão em disputa os cargos de prefeitos e vereadores.
A vontade dos pesselistas dissidentes é que a coleta de assinaturas para a criação do novo partido seja feita por meio de aplicativo com certificação digital a fim de acelerar o processo.
O desenvolvimento da ferramenta é supervisionado por advogados contratados pela ala pró-Bolsonaro para que esteja adequada a todas as exigências do tribunal. Os principais advogados à frente da iniciativa são Karina Kufa, que representa Bolsonaro, e Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE.
Questionado sobre a viabilidade do aplicativo, Silveira disse que a coleta eletrônica é “bem segura, rápida e aceita”.
“Não restam dúvidas de que se o presidente fizer o teste hoje e publicar que está criando um novo partido, ele consegue coletar um milhão [de assinaturas] em 24 horas”, afirmou.
Silveira acrescentou que se o novo partido não for criado até março do ano que vem, os dissidentes pretendem continuar no PSL — a não ser que sejam expulsos.
O receio dos deputados federais é que percam o mandato se forem acusados de “infidelidade partidária” ao saírem do PSL antes do período para trocas, previsto para março de 2022.
Presidente, governadores, senadores e prefeitos podem mudar de partido sem justa causa, de acordo com entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal).
Indagados sobre a situação da fatia do fundo partidário do PSL, em jogo com as mudanças, Kicis e Silveira procuraram minimizar a questão e disseram que a ida para o novo partido irá ocorrer, com ou sem transferência de recursos do PSL para o Aliança pelo Brasil.
Os pesselistas dissidentes vão promover a primeira convenção nacional do Aliança pelo Brasil em 21 de novembro, em Brasília, segundo deputados. O estatuto e mais detalhes devem ser revelados na ocasião.
Bia Kicis afirmou esperar que Jair Bolsonaro assuma a presidência do novo partido. Uma definição, no entanto, não está tomada.
Uol