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Explosão no Apolo 11; novo artigo de Demétrius Faustino

Corria os anos 70 e a cidade de Cajazeiras respirava cultura, notadamente na área do teatro,mas eis que precisamente em 02 de julho de 1975, período em que a ditadura militar atingia as raias do ódio e da insensatez, uma bomba explodiu e matou duas pessoas, lesionou outros duas e destruiu o Cineteatro Apolo 11. Matar o bispo dom Zacarias Rolim de Moura era o objetivo, mas este se safou porque tinha viajado ao Recife, para cumprir atividades da igreja, como também locar filmes para os cinemas da Diocese.

Segundo relatos, foram ouvidos pela polícia federal como suspeitos de ter cometido esse ato na qualidade de mentores intelectuais,o ex-deputado estadual João Bosco Braga Barreto e um padre americano e professor mais conhecido como Mr. Boyes. Porém,nada contra estes foi comprovado.

Nesse fatídico dia, e a mais ou menos 21h00min horas (quinze minutos após o encerramento da sessão), com a cidade a dormir, com exceção do Cineteatro, fundado pelo bispo, a população foi surpreendida por uma explosão que ecoou até nos arredores da famosa Casa de Lilia, cujo saldo desse traumático episódio foi angustiante, conforme noticiou os periódicos à época:

 

O Apolo 11 foi tomado por um cenário de destruição; um soldado de nome Altino Soares, com as pernas amputadas; um ex-recruta do Tiro de Guerra, de nome Manuel Conrado com um pedaço de madeira na cabeça; o seu irmão e operador de projetor Geraldo Conrado, com a perna direita partida e o corpo perfurado por fragmentos, e o adolescente Geraldo Galvão, com o abdômen para baixo perfurado e as pernas queimadas.

 

Conforme noticiou ainda os periódicos, antes do fechamento do Cineteatro, o Sr. Geraldo Galvão encontra uma pasta modelo 007 que estava debaixo da cadeira cativa de dom Zacarias e entrega ao soldado Altino Soares. Este por sua vez, ao abrir a 007, puxa de dentro algo que imagina ser um gravador. Nesse ínterim, o Sr. Manuel Conrado grita: não mexe, é uma bomba.De modo repentino, o soldado Altino enervou-se e jogou a bolsa no chão, que, por conseqüência, a violência e intensidade do poder explosivo do artefatoarrancou-lhe as pernase posteriormente ceifou a sua vida, o que ocorreu também com Manuel Conrado. Foi uma noite de terrorismo na terra do Padre Rolim.

Em entrevista, D. Francisca Soares, viúva do soldado Altino Soares, narra que um agente federal lhe disse que tinha 15 minutos ainda para bomba explodir, e que se ele (Altino Soares) tivesse colocado a pasta devagarzinho no chão e se afastado, tinha evitado a morte.

Uma semana após o episódio, o então governador Ivan Bichara Sobreira visita a cidade e em entrevista ao jornal A União, se diz chocado com a destruição feita pela bomba, e se reúne com Dom Zacarias Rolim de Moura, que havia retornado à cidade, ondeo arcebispo concede uma entrevista ao jornal O Norte, afirmando: Não tenho inimigos, se ideologicamente entre em divergência com outras pessoas, não vejo razão nenhuma para que isso justifique um atentado, pois sou apenas um discípulo de Deus.

Há narrativas de que onze anos depois da tragédia, estava em João Pessoa o general Antonio Bandeira, e este é apresentado por um amigo comum ao ex-vice prefeito de Cajazeiras, o dentista Abidiel de Souza Rolim, que, num bate-papo informal, o general conta sem detalhamento que conheceu Cajazeiras na época das investigações da destinada bomba explodida no Apolo 11.

E ao ser indagado por Abidiel se esse fato tinha algo a ver com outros episódios similares à época,este conseguiu arrancar do general a seguinte resposta: São da mesma safra.

Registre-se que o general Antônio Bandeira, foi o primeiro comandante das tropas do Exército que combateram a guerrilha do PCdoB no Araguaia, em 1971.

O fato é que a explosão do Cineteatro Apolo 11, foi o primeiro de uma série de episódios ocorridos ao longo dos governos dos generais Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo.

João Pessoa, junho de 2019.

Fábio Augusto
Fábio Augustohttps://pautapb.com.br
Formado pela Universidade Federal da Paraíba em Comunicação Social, atua desde 2007 no jornalismo político. Passou pelas TVs Arapuan, Correio e Miramar, Rede Paraíba de Comunicação (101 FM), pelas Rádios 101 FM, Miramar FM, Sucesso FM, Campina FM e Arapuan FM.

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