Demétrius Faustino
Pelas recentes declarações de alguns assessores do presidente eleito, já se percebe que no ano vindouro haverá uma relação de enfrentamento entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional. Basta dizer que o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, que, diga-se de passagem, ficou milionário apostando contra ou a favor de planos econômicos, chegou a afirmar que é preciso dar uma “prensa” neles, e o filho do presidente, deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro, disse com todas as letras que é preciso “tratorar” o Congresso. Só prá relembrar, Eduardo Bolsonaro é aquele que fala sem se conter, pois chegou a dizer que para fechar o Supremo Tribunal Federal bastavam dois soldados; e que mulher de direita é mais bonita que a da esquerda. Isso é o que chamamos de inclinação para um conflito.
Com esse tom cinzento de implicância não será fácil a aprovação de reformas que o presidente eleito chama de “indispensáveis”, já que necessita de maioria qualificada na Casa Legislativa, porquanto se trata de emendas constitucionais.
Entender que o governo vai obrigar o Congresso a aprovar as reformas que quiser, sem negociação, é fazer tábula rasa do Parlamento, e nem adianta também repassar a responsabilidade do governo para Deus, de tal maneira que a culpa pelo que não der certo não será sua. Esse alíbi sobrenatural não o isenta de culpa.
O atual presidente da Casa ao saber do comentário do Paulo Guedes, com um sorriso irônico refutou: “ele não sabe como funciona o Congresso”. Isto já é suficiente para um bom entendedor, e com a palavra o presidente eleito, pois foi deputado federal por 7 mandatos.
Entender que é possível “prensar” ou “tratorar” deputados e senadores, é um equívoco sem precedentes, pois esquecem que a opinião pública hoje tem as redes sociais para cobrar tanto do governo como do Congresso, a depender de suas atitudes. Citamos como exemplo a Lei da Ficha Limpa, que ao chegar no parlamento ficou encaixotada com seus milhões de assinaturas, mas o sentimento das ruas foi mais forte, e o Congresso não suportou a pressão, e decidiu aprová-la.
O fato é que há maneiras de amenizar a situação, se o futuro governo parar de pressionar com sua evidente milícia. Basta entender que é preciso e necessário haver um ponto de equilíbrio.
E é preciso também que governo e Congresso Nacional atentem que o povo já deu o seu recado: Se os políticos fizerem ouvidos de mercador, a crise vai se aprofundar, principalmente se tentarem aprovar reformas ou medidas impopulares.
E uma das propostas populares já estão nas redes sociais: A sociedade em sua grande maioria, é a favor da redução dos efeitos das delações premiadas, pois muitas delas estão drenadas pela mentira.