Em Setembro vindouro João Pessoa recebe a Caravana de Chico Buarque, com suas canções resolvidas e a merecer aplausos do público, que com certeza irá lotar o Teatro Pedra do Reino.
Na terra de Ariano Suassuna os gritos de gênio irão se misturar nos aplausos e pedidos reiterados, onde o protagonista vai deixar um pouco de lado a sua frequente timidez e discrição, pois está mais à vontade nos palcos, e é o que se percebe nos últimos shows. Basta dizer que na sua turnê mais recente, em quase todas as músicas toca violão e interage com a platéia de forma mais envolvente, resultando num calor mais abrasivo e até em diálogos.
Apesar de o meu guri ter passado dos 70, ele continua surpreendente com suas letras, apontando diversos temas e contextos poéticos; conhecendo cada vez mais a alma da mulher; os sentimentos humanos, de separação e de encontro, a gota d água da desatenção ou o tempo da delicadeza. É o sucesso da jovem velhice em plena atividade.
Ver e ouvir Chico Buarque de Holanda é ter a sensação de liberdade na alma, ou como disse Caetano Veloso “é ficar extasiado porque se está diante de um artista imenso”. Lembro-me que quando estive no Teatro Guararapes no Centro de Convenções em Olinda, e ao assistir o show “Carioca”, tive esse pressentimento.
O fato é que Chico não pertence a lugar nenhum, nem mesmo ao Rio, pois trata-se de um cidadão pleno do mundo. Basta verificar pelas suas canções, que Chico é Para Todos. O seu avô, o pernambucano Cristovão Paes Barreto de Holanda Cavalcanti Buarque de Gusmão, que o diga.
“Caravanas” é o 23º álbum solo da sua carreira, que conta com sete músicas inéditas e duas regravações de composições laboradas por ele, contudo, nunca gravadas, através de sua voz. E a habilidade de Chico Buarque para construir letras cotidianas, aparentemente singelas, mas de uma construção genial, sagaz e tecnicamente perfeita, estão reveladas mais uma vez nesse disco.
Que o Teatro Pedra do Reino lhe receba de braços abertos.
João Pessoa, Julho de 2018.