O que a Copa do Mundo de Futebol Feminino poderia nos ensinar sobre política pública social??
Calma, não se espantem com a pergunta. A questão é que a bola está rolando há uma semana na França. Nunca antes o esporte mais popular do mundo tinha recebido na categoria feminina tamanha estrutura, exposição midiática e suporte em geral. O investimento no evento se potencializa ainda mais quando somado as normatizações e novas regras para valorização da prática das mulheres feita pela FIFA (entre as quais obrigatoriedade de manutenção de times femininos pelos clubes etc).
Ok, ok, em absoluto o valor destinado a Copa do Mundo e a movimentação global ainda é infinitamente inferior ao masculino, mas, em outra frente, proporcionalmente muito superior a qualquer outra época em futebol feminino. Mesmo tardias, essas ações integradas representam um pontapé para um novo tempo e tratamento. É um caminho sem volta no desenvolvimento da prática e estrutura entre as mulheres.
Ô narrador, mas continuo não vendo lógica na associação entre o jogo de bola “das mina” e a vida do povão!?!?! Vamos “debulhar”. Se até a FIFA, que é uma entidade privada, finalmente compreendeu (dentre outros interesses do próprio mercado, claro), que para reduzir o imenso abismo entre o futebol Masculino e Feminino era imperativo uma atuação/intervenção direta na promoção das mulheres, o que esperar do poder público no trato com as desigualdades de uma população, por exemplo??
A lição básica, o exercício óbvio é compreender que categorias, modalidades, gêneros, ou classes sociais historicamente desfavorecidas, precisam de impulso extra para desenvolver-se e igualar ou, no mínimo reduzir a diferença de oportunidades e espaço em relação aos outros.
Portanto quando você, liberal, defensor do livre e absoluto mercado, for criticar as cotas, bolsa família e outras ações de assistência básica/afirmação de grupos, lembre que, se até a controversa e mercadológica FIFA busca um tratamento mais justo entre seus “produtos” porque o Estado não deve ter mais atenção com os “filhos” que mais precisam??
Não existe meritocracia em condições diferentes de disputa… nos campos, ou na vida…