Eu já disse que Bolsonaro revela muito mais sobre os seus adeptos do que sobre ele próprio.
Afinal, ele nunca escondeu quem era. No ostracismo, durante a campanha, ou agora, em meio a todo o tempo de seu desgoverno, sempre explicitou o ser desprezível que é!
Em qualquer época de sua inútil vida pública ele foi torpe, vil, oportunista, autoritário etc.
Ainda assim, mesmo com todo esse portfólio, vários fatores externos e bem conhecidos poderiam ter sido responsáveis pela sua aberrante ascensão ao Palácio do Planalto. Apesar de toda estranheza, o sombrio momento nacional, falta de informações claras, fake news etc servia de álibi na tentativa de atenuar a anomalia de escolher o cidadão como presidente!
Mas hoje, passados quase dois anos de mandato de Bolsonaro, alguém permanecer ao lado dele enquanto presidente já não tem mais qualquer linha de absolvição, sob qualquer hipótese.
Pois bem, aliás, pois ruim, ruim demais… Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo revela que o presidente mantêm índice de aprovação (ótimo/bom + regular) acima de 65%. Se formos colocar apenas os que consideram o governo Bolsonaro como ótimo/bom o percentual é de 37%.
Número ainda surpreendente e difícil de se explicar com base na total inoperância de seu mandato. Tomemos como exemplo apenas a condução presidencial durante a pandemia.
Desde o começo Bolsonaro minimizou a pandemia, chamou de gripezinha, fez pouco caso de protocolos básicos como uso de máscaras, aglomerou, omitiu exames próprios, incitou quebra de isolamento social, desprezou ciência, insistiu e investiu na cloroquina e toda espécie de patifaria…
Os testes demoraram a ser adquiridos pelo Ministério da Saúde e hoje estão ameaçados de se perder por conta de validade. O auxílio emergencial só foi implantado após pressão popular e política da oposição, mas o presidente garante que não haverá renovação, mesmo com o novo crescimento de casos e mortes que se registram no Brasil.
Agora, quando o mundo civilizado se prepara para imunização coletiva, com vários países já vacinando sua população, nós, aqui no Brazilzão, não temos sequer perspectiva clara de quando “entraremos na fila”.
Dia sim, dia não o governo simula um novo calendário de vacinação, mesmo sem qualquer base concreta. A última tentativa de forjar alguma tabela foi na sexta-feira, quando um hipotético plano de vacinação foi entregue ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de evitar a judicialização do caso. O calendário explicitado é recheado de falhas técnicas, inconsistências como quantidade de vacinas já contratada menor que o divulgado e inoperância como previsão de vacinar apenas metade da população até o fim de 2021. Mas o principal absurdo está na citação de 36 pesquisadores como participantes do plano de vacinação, quando eles negaram em absoluto qualquer colaboração, ou anuência com o documento final .
Desculpem a sinceridade, mas o governo Bolsonaro fede a mentira, exala fraude, transborda cambalacho.
Enquanto a economia, que ele tanto acena proteger, cada vez mais e vertiginosamente mergulha rumo ao precipício, a sua ação isolada na área é zerar alíquota para importação de armas.
Devo admitir a coerência da medida a quem só pensa em confronto, disputa, ódio e perseguição. A única estratégia é o belicismo.
Bolsonaro despreza a vida humana, brinca de Deus e Diabo com a “sorte” dos brasileiros. Para ele, 180 mil brasileiros vitimados pela “gripezinha” são apenas estatísticas frias, irrelevantes.
Mas você, como um gado voluntaria e inconscientemente indo ao matadouro, continua leal e resoluto ao marreteiro. Você já está aprisionado a “caixa” de execução, desnorteado, fora de si pelos golpes desferidos pelo algoz. E pelo visto, apesar de tanto massacre, tanta porrada, não conseguirá despertar, recobrar consciência!
