O município de João Pessoa é um dos poucos no Nordeste que realiza o acompanhamento da pessoa com perda auditiva, desde quando é detectado, seja na infância ou na vida adulta. A perda auditiva é a segunda deficiência que mais atinge a população brasileira, segundo relatos de pesquisas científicas realizadas pelas universidades. Serviços da Atenção Básica da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) auxiliam na busca de tratamento e inclusão para pessoas com perdas auditivas. Nesta terça-feira (10), se comemora o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez.
A coordenadora da Área Técnica da Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Tahiná Sá de Almeida Dantas, esclareceu que hoje os usuários que chegam com queixas de perdas auditivas devem procurar primeiro a Unidade de Saúde da Família (USF). Lá, passam por uma consulta preliminar e é encaminhado para realizar o exame de puericultura (para crianças, com níveis menores de frequência) ou audiometria para os adultos com os otorrinolaringologistas que a rede municipal disponibiliza nas Policlínicas.
No caso dos adultos idosos com mais de 70 anos devem ir à USF primeiro e de lá são encaminhados para um geriatra, que verificará se existe a perda auditiva. Caso haja essa perda o profissional encaminha para o otorrino para ver se existe a necessidade do uso do aparelho auditivo. “São exames de demanda espontânea e nem todos os pacientes são indicados para usar o aparelho”, explicou Tahiná Sá.
Os idosos têm ainda os serviços do Centro de Atenção Integral à Saúde do Idoso (Caisi), onde o procedimento será o mesmo, primeiro o paciente vai à USF e depois é encaminhado para os otorrinolaringologistas da Policlínica que irão analisar cada caso.
A dona de casa, Edith Oliveira, 76 anos, sentiu um incômodo e muitos zumbidos no ouvido esquerdo, no ano passado, e recorreu ao Caisi para o tratamento. Ela contou que os zumbidos que sentia era por conta de sucessivas crises alérgicas que sofria desde criança e só agora estava sendo tratada. “Mesmo assim, o médico do Caisi disse que ficasse observando e agora em dezembro vou retornar ao Centro para acompanhar”, comentou Edith Oliveira, que possui casos na família de surdez, seu avô materno tinha problemas de surdez e chegou a usar aparelho.
Em crianças, os especialistas observam se a perda é congênita ou se foi por algum trauma e, nos adultos, se congênita ou se a perda da audição é hereditária ou causada por algum acidente. Muitos ainda resistem ao uso do aparelho alegando incômodo ou que esquecem de colocar.
A professora aposentada, Alci Monteiro, 84 anos, usa aparelho auditivo desde os 73 anos, quando detectou dificuldade em escutar o telefone de casa tocar. “Meus filhos me ligavam e eu não atendia porque simplesmente não escutava o toque. No início foi difícil de acostumar, mas hoje não vivo sem o aparelho auditivo que é trocado a cada cinco anos. Com ele continuo me socializando com meus netos e bisnetos”, contou a idosa.
O Centro Especializado em Reabilitação (CER) trabalha com deficiência física e intelectual do tipo 2. Mas, possui uma equipe que ajuda os usuários na inserção à saúde. “Por exemplo, se um usuário surdo precisar de uma consulta com o cardiologista é disponibilizado um intérprete de libras que irá acompanhá-lo na consulta e durante todo o tratamento”, esclareceu Tahiná Sá.
Na pandemia – Neste período pandêmico, os atendimentos e acompanhamento às pessoas com problemas de surdez, segundo Tahiná Sá, não pararam e foram ofertados da mesma maneira. “Foram 280 acompanhamentos, entre consultas eletivas e urgências até agora”, relatou Tahiná Sá.
No início da pandemia, grupos de pessoas com surdez ligaram também para o CI e Secretaria de Saúde para tirar dúvidas a respeito da covid-19, porque, de acordo com Tahiná, eles diziam que não tinham muitas informações sobre a doença com interpretação de libras.